
★★
Deepwater Horizon, EUA, 2016 | Duração: 1h47 | Lançado no Brasil em 10 de novembro de 2016, nos cinemas | Baseado no artigo de David Rohde e Stepanhie Saul. História de Matthew Sand. Roteiro de Matthew Michael Carnahan e Matthew Sand | Dirigido por Peter Berg | Com Mark Wahlberg, Kurt Russell, Dylan O'Brien, John Malkovich, Gina Rodriguez, Ethan Suplee, Brad Leland, Joe Chrest, James DuMont, Douglas M. Griffin, Dave Maldonado e Kate Hudson.
Em abril de 2010, a explosão de uma plataforma petrolífera a serviço da British Petroleum (BP) resultou na morte de onze pessoas e deu início a um dos maiores desastres ecológicos dessa natureza, graças aos quase três meses de derramamento de óleo que se seguiram à fatalidade no Golfo do México. Isso é o que a maior parte das pessoas já sabe a respeito do ocorrido na Deepwater Horizon - e o grande desafio assumido por Horizonte Profundo - Desastre no Golfo, adaptação cinematográfica do evento, é se aprofundar nas circunstâncias que levaram à tragédia sem permitir que as tecnicidades impeçam o acesso do grande público à história.
Embora não utilizem as ferramentos mais sofisticadas na tarefa, os roteiristas Matthew Michael Carnahan e Matthew Sand (inspirados pelo artigo de David Rohde e Stephanie Saul) e o diretor Peter Berg até conseguem que a fatia leiga do público fique suficientemente a par dos fatores que levaram à explosão. Infelizmente, o modo displicente como o cineasta registra a ação propriamente dita surge como um pesaroso desserviço à narrativa, dificultando a compreensão do espectador do ponto de vista prático.
Selecionando meia dúzia de empregados como ponte entre o público e a equipe da Deepwater Horizon, o roteiro traz Mark Wahlberg e Kurt Russell como Mike Williams e Jimmy Harrell, trabalhadores em posições de liderança que, recém chegados à plataforma para uma estadia de duas semanas, encaram com espanto e desconfiança o trabalho que vinha sendo desenvolvido por outra equipe no local. Pressionados por um chefão da BP (vivido por Jonh Malkovich) em virtude de um atraso de várias semanas no cronograma da perfuração, os operários se veem obrigados a relativizar resultados duvidosos, inconclusivos e insuficientes de testes fundamentais para a segurança daquela estação de trabalho - negligência que, horas mais tarde, acaba conduzindo à fatalidade.
No esforço para estabelecer uma ponte entre o público e a complexidade do funcionamento da plataforma, os roteiristas inevitavelmente acabam carregando a mão nos diálogos expositivos - e a propensão da dupla de expor conceitos através de metáforas piora ainda mais a situação, imprimindo artificialidade na interação dos personagens ao carregar de significado conversas supostamente casuais ou corriqueiras. Além disso, Berg, a equipe de efeitos especiais e o diretor de fotografia Enrique Chediak pecam na maior parte das tomadas submarinas incipientes, cuja fidelidade com a iluminação das profundezas oceânicas inviabiliza a assimilação por parte do público dos primeiros indícios do acidente até mesmo na escuridão da sala de cinema.
Entretanto, Horizonte Profundo se torna uma obra realmente problemática assim que a narrativa atinge o estopim do desastre de fato: ambientadas em um cenário noturno e estruturalmente complexo e estreladas por personagens majoritariamente masculinos cobertos por óleo, sangue e sujeira, as sequências de ação são comandadas por Peter Berg com um nível de frenesi que torna difícil distinguir personagens, ambientes e situações retratadas. Em resumo: a partir de certo ponto, fica praticamente impossível acompanhar a luta pela sobrevivência daqueles indivíduos em meio a explosões, desabamentos, chuva de destroços, gritaria e correria, o que condena irremediavelmente a produção.
Sem hesitar em responsabilizar a ganância e a irresponsabilidade criminosa da British Petroleum pela tragédia, Horizonte Profundo - Desastre no Golfo é um longa que, embora faça jus à memória dos falecidos, feridos e traumatizados na catástrofe (apesar da sobredose de melodrama no ato final), flerta perigosamente com o Cinema de Michael Bay e, infelizmente, acaba deixando muitíssimo a desejar em quesitos artísticos.
Embora não utilizem as ferramentos mais sofisticadas na tarefa, os roteiristas Matthew Michael Carnahan e Matthew Sand (inspirados pelo artigo de David Rohde e Stephanie Saul) e o diretor Peter Berg até conseguem que a fatia leiga do público fique suficientemente a par dos fatores que levaram à explosão. Infelizmente, o modo displicente como o cineasta registra a ação propriamente dita surge como um pesaroso desserviço à narrativa, dificultando a compreensão do espectador do ponto de vista prático.
Selecionando meia dúzia de empregados como ponte entre o público e a equipe da Deepwater Horizon, o roteiro traz Mark Wahlberg e Kurt Russell como Mike Williams e Jimmy Harrell, trabalhadores em posições de liderança que, recém chegados à plataforma para uma estadia de duas semanas, encaram com espanto e desconfiança o trabalho que vinha sendo desenvolvido por outra equipe no local. Pressionados por um chefão da BP (vivido por Jonh Malkovich) em virtude de um atraso de várias semanas no cronograma da perfuração, os operários se veem obrigados a relativizar resultados duvidosos, inconclusivos e insuficientes de testes fundamentais para a segurança daquela estação de trabalho - negligência que, horas mais tarde, acaba conduzindo à fatalidade.

No esforço para estabelecer uma ponte entre o público e a complexidade do funcionamento da plataforma, os roteiristas inevitavelmente acabam carregando a mão nos diálogos expositivos - e a propensão da dupla de expor conceitos através de metáforas piora ainda mais a situação, imprimindo artificialidade na interação dos personagens ao carregar de significado conversas supostamente casuais ou corriqueiras. Além disso, Berg, a equipe de efeitos especiais e o diretor de fotografia Enrique Chediak pecam na maior parte das tomadas submarinas incipientes, cuja fidelidade com a iluminação das profundezas oceânicas inviabiliza a assimilação por parte do público dos primeiros indícios do acidente até mesmo na escuridão da sala de cinema.
Entretanto, Horizonte Profundo se torna uma obra realmente problemática assim que a narrativa atinge o estopim do desastre de fato: ambientadas em um cenário noturno e estruturalmente complexo e estreladas por personagens majoritariamente masculinos cobertos por óleo, sangue e sujeira, as sequências de ação são comandadas por Peter Berg com um nível de frenesi que torna difícil distinguir personagens, ambientes e situações retratadas. Em resumo: a partir de certo ponto, fica praticamente impossível acompanhar a luta pela sobrevivência daqueles indivíduos em meio a explosões, desabamentos, chuva de destroços, gritaria e correria, o que condena irremediavelmente a produção.
Sem hesitar em responsabilizar a ganância e a irresponsabilidade criminosa da British Petroleum pela tragédia, Horizonte Profundo - Desastre no Golfo é um longa que, embora faça jus à memória dos falecidos, feridos e traumatizados na catástrofe (apesar da sobredose de melodrama no ato final), flerta perigosamente com o Cinema de Michael Bay e, infelizmente, acaba deixando muitíssimo a desejar em quesitos artísticos.
