
★★★
The Jungle Book, EUA, 2016 | Duração: 1h45 | Lançado no Brasil em 14 de abril de 2016, nos cinemas | Baseado nos livros de Rudyard Kipling. Roteiro de Justin Marks | Dirigido por Jon Favreau | Com Neel Sethi e as vozes de Bill Murray, Ben Kingsley, Idris Elba, Lupita Nyong'o, Scarlett Johansson, Giancarlo Esposito, Christopher Walken, Garry Shandling.
Não fosse a memória emotiva do público em relação à animação clássica homônima, Mogli: O Menino Lobo teria pouquíssimo apelo e muito provavelmente fracassaria nas bilheterias internacionais - isso, claro, se algum estúdio tivesse tido a coragem de dar sinal verde para a produção. Diferentemente do ótimo e recente Cinderela, cujos arquétipos contam com certa atemporalidade e ainda encontram ressonância nos dias atuais, esta refilmagem da produção cinquentenária dos estúdios Disney até consegue se adequar com certa eficiência à linguagem e à tecnologia contemporâneas, mas fica refém da frouxidão e do caráter episódico da trama.
Escrito pelo pouco experiente Justin Marks com base nos livros de Rudyard Kipling e tomando sempre a animação da década de 60 como parâmetro, o filme gira em torno de um garoto humano (Neel Sethi) que, encontrado pela pantera Bagheera (Ben Kingsley) e criado por lobos, tem a selva como seu verdadeiro lar. A presença de Mogli naquele ecossistema, entretanto, não agrada a todos: vítima de ataques de humanos no passado, o perigoso tigre Shere Khan (Idris Elba) anuncia durante uma trégua entre os animais sua intenção de matar o garoto, evitando que este se torne um homem e coloque em risco a fauna da região. Assim, o jovem rapaz acaba sendo obrigado a evadir da área rumo à terra dos homens, deparando-se no caminho com uma série de animais com as mais diversas intenções.
Recorrendo sempre a soluções convenientes para as enrascadas em que Mogli se mete, o roteiro sofre da já mencionada dificuldade de conectar os diversos segmentos da jornada do garoto com a fluidez desejada - e o problema só não é maior graças à decisão acertada de incorporar apenas duas canções (The Bare Necessities e I Wanna Be Like You) da animação clássica à narrativa (há uma terceira, Trust in Me, durante os créditos finais). Além disso, as injeções de humor funcionam muito bem na maior parte do tempo, amenizando as deficiências do roteiro e surgindo como um adicional especial para o público adulto, notório alvo da nostalgia da produção - e não é à toa que, em sua segunda semana em exibição no Brasil, o filme tenha tido sessões dubladas substituídas por legendadas em diversas praças do país.
Sensivelmente mais assustador que o antecessor, Mogli: O Menino Lobo conta com um elenco de vozes estelar que nem sempre satisfaz as necessidades de seus personagens. Em um papel anteriormente assumido por homens em sua maioria, Scarlett Johansson confere à serpente Kaa o tom ao mesmo tempo enigmático e traiçoeiro demandado pela personagem - mas o resultado, seja pelo design do animal ou por alguma outra razão, não é tão satisfatório quanto o esperado. Por outro lado, Bill Murray mostra-se uma escolha divertida, competente e compatível com o preguiçoso, malandro e fiel urso Baloo, enquanto Christopher Walken confere ao primata Rei Louie um ar mafioso absolutamente adequado ao personagem, embora comprometa o número musical estrelado pelo vilão com seu canto medíocre.
Tecnicamente, o filme tem resultados coerentes com o investimento e com a escolha de um diretor como Jon Favreau, habituado ao uso intensivo de efeitos especiais. Toda a ampla variedade de espécies que compõem a fauna daquele ecossistema apresenta um visual extremamente convincente e se movimenta com inquestionáveis e irrepreensíveis complexidade e fluidez. Além disso, o design de produção consegue desenvolver cenários adequados às distintas fases da narrativa, como a sombria porção da floresta que sedia o encontro com Kaa contraposta às floridas, iluminadas e atraentes redondezas que servem de moradia para Baloo. Infelizmente, a onipresença de criações digitais confere uma artificialidade incontornável e prejudicial à estética da produção: em momento algum acreditei que o talentoso e esforçado Neel Sethi estivesse na selva que ambienta a trama - e o surpreendentemente péssimo 3D só piora a situação (repare o desastroso resultado de uma cena envolvendo chuva, por exemplo).
Arrematado com créditos finais que chamam a atenção pela criatividade e bom humor, Mogli: O Menino Lobo aposta na nostalgia do público e na sofisticação da tecnologia para criar a demanda por um remake, algo que por si só, não existiria - e embora o resultado não desperte desgostos particularmente severos, tampouco inspira maiores elogios.
Escrito pelo pouco experiente Justin Marks com base nos livros de Rudyard Kipling e tomando sempre a animação da década de 60 como parâmetro, o filme gira em torno de um garoto humano (Neel Sethi) que, encontrado pela pantera Bagheera (Ben Kingsley) e criado por lobos, tem a selva como seu verdadeiro lar. A presença de Mogli naquele ecossistema, entretanto, não agrada a todos: vítima de ataques de humanos no passado, o perigoso tigre Shere Khan (Idris Elba) anuncia durante uma trégua entre os animais sua intenção de matar o garoto, evitando que este se torne um homem e coloque em risco a fauna da região. Assim, o jovem rapaz acaba sendo obrigado a evadir da área rumo à terra dos homens, deparando-se no caminho com uma série de animais com as mais diversas intenções.
Recorrendo sempre a soluções convenientes para as enrascadas em que Mogli se mete, o roteiro sofre da já mencionada dificuldade de conectar os diversos segmentos da jornada do garoto com a fluidez desejada - e o problema só não é maior graças à decisão acertada de incorporar apenas duas canções (The Bare Necessities e I Wanna Be Like You) da animação clássica à narrativa (há uma terceira, Trust in Me, durante os créditos finais). Além disso, as injeções de humor funcionam muito bem na maior parte do tempo, amenizando as deficiências do roteiro e surgindo como um adicional especial para o público adulto, notório alvo da nostalgia da produção - e não é à toa que, em sua segunda semana em exibição no Brasil, o filme tenha tido sessões dubladas substituídas por legendadas em diversas praças do país.

Sensivelmente mais assustador que o antecessor, Mogli: O Menino Lobo conta com um elenco de vozes estelar que nem sempre satisfaz as necessidades de seus personagens. Em um papel anteriormente assumido por homens em sua maioria, Scarlett Johansson confere à serpente Kaa o tom ao mesmo tempo enigmático e traiçoeiro demandado pela personagem - mas o resultado, seja pelo design do animal ou por alguma outra razão, não é tão satisfatório quanto o esperado. Por outro lado, Bill Murray mostra-se uma escolha divertida, competente e compatível com o preguiçoso, malandro e fiel urso Baloo, enquanto Christopher Walken confere ao primata Rei Louie um ar mafioso absolutamente adequado ao personagem, embora comprometa o número musical estrelado pelo vilão com seu canto medíocre.
Tecnicamente, o filme tem resultados coerentes com o investimento e com a escolha de um diretor como Jon Favreau, habituado ao uso intensivo de efeitos especiais. Toda a ampla variedade de espécies que compõem a fauna daquele ecossistema apresenta um visual extremamente convincente e se movimenta com inquestionáveis e irrepreensíveis complexidade e fluidez. Além disso, o design de produção consegue desenvolver cenários adequados às distintas fases da narrativa, como a sombria porção da floresta que sedia o encontro com Kaa contraposta às floridas, iluminadas e atraentes redondezas que servem de moradia para Baloo. Infelizmente, a onipresença de criações digitais confere uma artificialidade incontornável e prejudicial à estética da produção: em momento algum acreditei que o talentoso e esforçado Neel Sethi estivesse na selva que ambienta a trama - e o surpreendentemente péssimo 3D só piora a situação (repare o desastroso resultado de uma cena envolvendo chuva, por exemplo).
Arrematado com créditos finais que chamam a atenção pela criatividade e bom humor, Mogli: O Menino Lobo aposta na nostalgia do público e na sofisticação da tecnologia para criar a demanda por um remake, algo que por si só, não existiria - e embora o resultado não desperte desgostos particularmente severos, tampouco inspira maiores elogios.
