
Segundo estimativas, os trabalhos comandados pelo matemático Alan Turing (Benedict Cumberbatch) durante a 2ª Guerra Mundial teriam reduzido a duração do confronto em aproximadamente dois anos, evitando que algo em torno de 14 milhões de pessoas perdessem a vida. Nada disso teria acontecido, entretanto, se a homossexualidade de Turing tivesse chegado ao conhecimento das autoridades mais cedo, fazendo com que o sujeito fosse encarcerado por atentado ao pudor antes de quebrar o elaborado código Enigma - o que prova, de forma irrefutável, que a estupidez e a mesquinharia são um câncer da humanidade, podendo refletir drasticamente na vida todo um coletivo de pessoas mesmo quando direcionadas a um indivíduo em particular.
Escrito por Graham Moore com base no livro de Andrew Hodgers, O Jogo da Imitação reencena a história real do matemático que, considerado um dos melhores e mais brilhantes de sua área, assumiu o comando de uma equipe altamente qualificada com o objetivo de quebrar o complexo código Enigma, tido até então como indecifrável e utilizado pelos nazistas para troca de mensagens criptografadas. Desacreditado por seus superiores e colegas de trabalho, Turing precisou correr contra o tempo e enfrentar uma série de obstáculos logísticos e financeiros para construir sua máquina que, atualmente, é reconhecida como um dos componentes pioneiros da computação moderna.
Versão mais contida e menos afetada de seu Sherlock da série britânica de mesmo nome, Benedict Cumberbatch assume com talento o papel de um sujeito ciente das próprias capacidades intelectuais extraordinárias e ligeiramente orgulhoso em relação a elas, transformando Turing em uma figura cuja personalidade persistente certamente influenciou imensamente o andamento do projeto secreto do governo britânico. Já Keira Knightley merece elogios simplesmente por estar bem e não se constranger como o fez em Um Método Perigoso, enquanto o diretor Morten Tyldum (Headhunters) decepciona por um trabalho extremamente burocrático e sem personalidade na direção, fazendo com que a produção se assemelhe estética e narrativamente a um telefilme.
Contando uma história real importante e desmerecidamente negligenciada e pouco reconhecida, O Jogo da Imitação chega aos cinemas brasileiros poucos dias depois da eleição de um indivíduo conservador e homofóbico para a presidência da nossa Câmara de Deputados, que prometeu empatar deliberadamente diversas pautas progressistas. Prova maior de que, retomando a discussão levantada no primeiro parágrafo, a sociedade ainda tem muito a aprender com casos como o de Turing.
The Imitation Game, Reino Unido/EUA, 2014 | Baseado no livro de Andrew Hodgers. Roteiro de Graham Moore | Dirigido por Morten Tyldum | Com Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Matthew Goode, Rory Kinnear, Allen Leech, Matthew Beard, Charles Dance e Mark Strong.
Escrito por Graham Moore com base no livro de Andrew Hodgers, O Jogo da Imitação reencena a história real do matemático que, considerado um dos melhores e mais brilhantes de sua área, assumiu o comando de uma equipe altamente qualificada com o objetivo de quebrar o complexo código Enigma, tido até então como indecifrável e utilizado pelos nazistas para troca de mensagens criptografadas. Desacreditado por seus superiores e colegas de trabalho, Turing precisou correr contra o tempo e enfrentar uma série de obstáculos logísticos e financeiros para construir sua máquina que, atualmente, é reconhecida como um dos componentes pioneiros da computação moderna.
Versão mais contida e menos afetada de seu Sherlock da série britânica de mesmo nome, Benedict Cumberbatch assume com talento o papel de um sujeito ciente das próprias capacidades intelectuais extraordinárias e ligeiramente orgulhoso em relação a elas, transformando Turing em uma figura cuja personalidade persistente certamente influenciou imensamente o andamento do projeto secreto do governo britânico. Já Keira Knightley merece elogios simplesmente por estar bem e não se constranger como o fez em Um Método Perigoso, enquanto o diretor Morten Tyldum (Headhunters) decepciona por um trabalho extremamente burocrático e sem personalidade na direção, fazendo com que a produção se assemelhe estética e narrativamente a um telefilme.
Contando uma história real importante e desmerecidamente negligenciada e pouco reconhecida, O Jogo da Imitação chega aos cinemas brasileiros poucos dias depois da eleição de um indivíduo conservador e homofóbico para a presidência da nossa Câmara de Deputados, que prometeu empatar deliberadamente diversas pautas progressistas. Prova maior de que, retomando a discussão levantada no primeiro parágrafo, a sociedade ainda tem muito a aprender com casos como o de Turing.
★★★
The Imitation Game, Reino Unido/EUA, 2014 | Baseado no livro de Andrew Hodgers. Roteiro de Graham Moore | Dirigido por Morten Tyldum | Com Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Matthew Goode, Rory Kinnear, Allen Leech, Matthew Beard, Charles Dance e Mark Strong.