
★★★
Neighbors, EUA, 2014 | Duração: 1h37 | Lançado no Brasil em 19 de junho de 2014, nos cinemas | Escrito por Andrew Jay Cohen & Brendan O'Brien | Dirigido por Nicholas Stoller | Com Seth Rogen, Rose Byrne, Zac Efron, Dave Franco, Carla Gallo, Christopher Mintz-Plasse, Halston Sage, Craig Roberts, Jerrod Carmichael, Jake Johnson e Lisa Kudrow.
Escrita pela dupla de estreantes Andrew Jay Cohen e Brendan O’Brien, a comédia gira em torno da vida de casados de Mac (Seth Rogen) e Kelly Radner (Rose Byrne), que passa a ser atormentada quando a fraternidade ΨΔΒ, presidida pelo atraente Teddy Sanders (Zac Efron), muda-se para a até então tranquila vizinhança. Preocupado com a saúde da filha bebê Stella (vivida pelas absolutamente adoráveis Elise e Zoey Vargas), o casal se vê obrigado a travar uma guerra contra o grupo de estudantes depois que as primeiras negociações de paz são infringidas por festas que abusam dos decibéis noite adentro.
Preso a uma estrutura que, essencialmente, oscila entre as provocações e os esforços exercidos por cada lado na disputa, o longa é povoado por personagens imaturos e egoístas cuja estupidez pelo menos abre espaço para boas risadas. Assim, o grande acerto do filme consiste justamente na disposição de rir das próprias limitações e idiotices: seria particularmente frustrante, por exemplo, ver Teddy derrubando com facilidade a veracidade de determinado documento caso a explicação dada pelo autor da farsa não debochasse dessa situação-clichê de forma tão hilária. Da mesma forma, a trilha de Michael Andrews é jocosa e certeira ao conferir, por exemplo, grandiosidade a eventuais ideias estúpidas dos estudantes ou um caráter quase etéreo a certa habilidade genital exótica do vice-presidente da fraternidade, Pete (Dave Franco).

Por outro lado, a volatilidade do personagem de Zac Efron, em vez de torná-lo uma figura complexa, soa como mero resultado dos pequenos surtos de arbitrariedade do roteiro, que altera o comportamento de Teddy conforme as necessidades imediatas da narrativa: repare, por exemplo, como a compreensão e a generosidade do presidente com determinado calouro contrariam a conduta assumida por ele na maior parte do tempo, já que essa postura benevolente só era interessante para aquela situação específica. Ainda assim, vale apontar que o bromance vivido pelos personagens de Efron e Franco possui sua parcela de méritos e se estabelece como a única subtrama com um desenvolvimento mais cuidadoso e marcante (já que os problemas conjugais de Mac e Kelly, por exemplo, beiram o risível). Para completar, Lisa Kudrow (a Phoebe de Friends) acerta o tom como uma reitora caracterizada por uma divertida fixação com manchetes jornalísticas, ao passo que Rose Byrne volta a demonstrar bastante conforto em um papel cômico enquanto divide cena com Seth Rogen, interpretando Seth Rogen como só Seth Rogen é capaz de fazer (ou talvez Kevin James, como um dos diálogos mais divertidos do filme parece sugerir).
É lamentável, portanto, que a obra acabe sendo comprometida por um tropeço da equipe na reta final da projeção: a opção do roteiro de se abster de qualquer tipo de problematização em torno da resolução do grande conflito da trama torna o desfecho apressado, anticlimático e insatisfatório, enviando o espectador para fora da sessão com uma sensação inesperada de incompletude – que nem a overdose de fofura ofertada pelas gêmeas Elise e Zoey Vargas durante os créditos finais é capaz de curar.
