
Giovanni Improtta (José Wilker) até que é um sujeito divertido: o sorriso bobo constante e a incorrigível ignorância do personagem criado por Aguinaldo Silva para o livro O Homem Que Comprou o Rio e reaproveitado em Senhora do Destino - folhetim exibido na TV há quase 10 anos no horário das 21h - são capazes de arrancar risadas de indivíduos que chegam em casa depois de um dia exaustivo de trabalho, colocam os pés para cima e apertam o botão power do controle remoto da TV. Fora de seu contexto original e transportado para as telonas, porém, Giovanni Improtta é um desastre - e se o tempo necessário para esquecê-lo em 2005 girava em torno de dois dias (o período entre o último capítulo da novela e a estreia da seguinte), agora, por sorte, já o teremos expulsado de nossas mentes ao final dos créditos.
Dirigido pelo próprio José Wilker com base em um roteiro de sua filha, Mariana Vielmond, e de Rafael Dragaud (Os Penetras), baseado no livro Prendam Giovanni Improtta, o filme conta uma história demasiadamente confusa e carente de graça: há anos trabalhando como bicheiro e carnavalesco, Giovanni Improtta decide deixar as atividade ilegais para trás e, no processo, acaba tornando-se alvo de uma conspiração mafiosa. Perifericamente, o filme tenta discutir temas extremamente atuais, mas jamais se aprofunda o suficiente para torná-los relevantes - como o avanço nocivo da bancada evangélica na política, com projetos absurdos como o da cura gay.
O maior problema de Giovanni Improtta, entretanto, é a absoluta falta de timing cômico. Para cada linha mais inspirada (como no instante em que o protagonista descreve sua nova atividade lícita como uma "galinha dos ovos de ouro com registro no Ibama"), há uma avalanche descontrolada de piadas pavorosas - que Wilker ainda insiste em repetir por acreditar em sua graça, como nas situações em que Improtta troca "bagaço" por "cabaço" ou "difamado" por "defumado". E o que dizer do problema de flatulência do protagonista, que tenta desajeitadamente extrair uma gag escatológica de sua completa ignorância?
Dominado por personagens assustadoramente estúpidos (como o executivo que abre um notebook apenas para exibir um gráfico de pizza que explica uma divisão simplíssima de lucros, 70/30), Giovanni Improtta chega aos cinemas em um momento inoportuno (o prazo de validade do personagem evidentemente já venceu) e inaugurando um possível segmento da comédia nacional: o de spin-offs com personagens de novelas. Crô, derivado de Fina Estampa (também escrita por Aguinaldo Silva e encerrada há quase dois anos), vem por aí - e espero que esse, pelo menos, não faça jus às expectativas repletas calafrios deixadas por Giovanni Improtta.
Giovanni Improtta, Brasil, 2013 | Inspirado no livro "Prendam Giovanni Improtta", de Aguinaldo Silva. Roteiro de Mariana Vielmond e Rafael Dragaud. Roteiro final de Mariana Vielmond | Dirigido por José Wilker | Com José Wilker, Andrea Beltrão, Thelmo Fernandes, André Mattos, Gillray Coutinho, Julia Gorman, Yago Machado, Norival Rizzo, Roney Villela, Paulo Mathias Jr., Thogun Teixeira, Cristina Pereira, Gregório Duvivier, Alcemar Vieira, Eduardo Galvão, Milton Gonçalvez, Othon Bastos, Hugo Carvana, Guida Vianna, Paulo Goulart e Jô Soares.
Dirigido pelo próprio José Wilker com base em um roteiro de sua filha, Mariana Vielmond, e de Rafael Dragaud (Os Penetras), baseado no livro Prendam Giovanni Improtta, o filme conta uma história demasiadamente confusa e carente de graça: há anos trabalhando como bicheiro e carnavalesco, Giovanni Improtta decide deixar as atividade ilegais para trás e, no processo, acaba tornando-se alvo de uma conspiração mafiosa. Perifericamente, o filme tenta discutir temas extremamente atuais, mas jamais se aprofunda o suficiente para torná-los relevantes - como o avanço nocivo da bancada evangélica na política, com projetos absurdos como o da cura gay.
O maior problema de Giovanni Improtta, entretanto, é a absoluta falta de timing cômico. Para cada linha mais inspirada (como no instante em que o protagonista descreve sua nova atividade lícita como uma "galinha dos ovos de ouro com registro no Ibama"), há uma avalanche descontrolada de piadas pavorosas - que Wilker ainda insiste em repetir por acreditar em sua graça, como nas situações em que Improtta troca "bagaço" por "cabaço" ou "difamado" por "defumado". E o que dizer do problema de flatulência do protagonista, que tenta desajeitadamente extrair uma gag escatológica de sua completa ignorância?
Dominado por personagens assustadoramente estúpidos (como o executivo que abre um notebook apenas para exibir um gráfico de pizza que explica uma divisão simplíssima de lucros, 70/30), Giovanni Improtta chega aos cinemas em um momento inoportuno (o prazo de validade do personagem evidentemente já venceu) e inaugurando um possível segmento da comédia nacional: o de spin-offs com personagens de novelas. Crô, derivado de Fina Estampa (também escrita por Aguinaldo Silva e encerrada há quase dois anos), vem por aí - e espero que esse, pelo menos, não faça jus às expectativas repletas calafrios deixadas por Giovanni Improtta.

Giovanni Improtta, Brasil, 2013 | Inspirado no livro "Prendam Giovanni Improtta", de Aguinaldo Silva. Roteiro de Mariana Vielmond e Rafael Dragaud. Roteiro final de Mariana Vielmond | Dirigido por José Wilker | Com José Wilker, Andrea Beltrão, Thelmo Fernandes, André Mattos, Gillray Coutinho, Julia Gorman, Yago Machado, Norival Rizzo, Roney Villela, Paulo Mathias Jr., Thogun Teixeira, Cristina Pereira, Gregório Duvivier, Alcemar Vieira, Eduardo Galvão, Milton Gonçalvez, Othon Bastos, Hugo Carvana, Guida Vianna, Paulo Goulart e Jô Soares.