
James Marsh (O Equilibrista) não tem pressa para contar a história do suspense Agente C - Dupla Identidade - e apenas os vinte primeiros minutos da narrativa, resumidos a basicamente três sequências, são responsáveis pela tarefa simples de apresentar e cimentar o dilema a que Collette McVeigh (Andrea Riseborough) estará sujeita ao longo dos oitenta minutos seguintes. Após participar de um ataque terrorista frustrado ao metrô de Londres em meados da década de 90, a mulher se vê obrigada a trabalhar como informante do MI6 para escapar da prisão perpétua - mas, para cumprir a tarefa, Collette precisará entregar à agência secreta informações sobre membros bastante específicos do IRA (Exército Republicano Irlandês): seus próprios irmãos.
Adaptado por Tom Bradby a partir do romance de sua própria autoria, o filme traz Andrea Riseborough (Oblivion) em uma performance irrepreensível: com o semblante fechado em praticamente todo o longa, a atriz transforma Collette em uma mulher constantemente angustiada e torturada pelas escolhas que é obrigada a fazer, ficando dividida entre seu respeito pelos irmãos, seu instinto maternal e suas crenças políticas. Ainda nesse sentido, o trabalho de Riseborough é complementado pela paleta dessaturada da fotografia de Rob Hardy, que mergulha as paisagens britânicas em uma atmosfera opressiva, e pelo uso de cores da direção de arte, com destaque para o figurino predominantemente avermelhado de Collette, que, em momentos estratégicos, encontra alguns respiros de azul (não coincidentemente, a cor que domina o figuro de seu filho e de seus irmãos).
Dando sequência à sua alternância entre documentários e ficções após o ótimo Projeto Nim, James Marsh se destaca especialmente na construção cuidadosa e calma da sequência do metrô, que consegue transmitir sem alardes para o público que a protagonista está sendo perseguida, ou ainda por eventuais demonstrações emblemáticas da frieza daquele universo, como na cena em que Collette é interrogada sabendo que um cômodo ao lado está preparado para sua execução, caso o interrogatório revele sua suposta traição. Sobretudo, Agente C - Dupla Identidade merece reconhecimento pela concepção de uma protagonista por quem nutrimos sentimentos conflitantes até o desfecho: embora reprovemos sua filosofia, não deixamos de compadecer por seu tortuoso dilema pessoal e maternal.


Shadow Dancer, Reino Unido/Irlanda, 2012 | Baseado no romance de Tom Bradby. Roteiro de Tom Bradby | Dirigido por James Marsh | Com Andrea Riseborough, Aidan Gillen, Domhnall Gleeson, Brid Brennan, David Wilmot, Martin McCann, Gillian Anderson e Clive Owen.
Adaptado por Tom Bradby a partir do romance de sua própria autoria, o filme traz Andrea Riseborough (Oblivion) em uma performance irrepreensível: com o semblante fechado em praticamente todo o longa, a atriz transforma Collette em uma mulher constantemente angustiada e torturada pelas escolhas que é obrigada a fazer, ficando dividida entre seu respeito pelos irmãos, seu instinto maternal e suas crenças políticas. Ainda nesse sentido, o trabalho de Riseborough é complementado pela paleta dessaturada da fotografia de Rob Hardy, que mergulha as paisagens britânicas em uma atmosfera opressiva, e pelo uso de cores da direção de arte, com destaque para o figurino predominantemente avermelhado de Collette, que, em momentos estratégicos, encontra alguns respiros de azul (não coincidentemente, a cor que domina o figuro de seu filho e de seus irmãos).
Dando sequência à sua alternância entre documentários e ficções após o ótimo Projeto Nim, James Marsh se destaca especialmente na construção cuidadosa e calma da sequência do metrô, que consegue transmitir sem alardes para o público que a protagonista está sendo perseguida, ou ainda por eventuais demonstrações emblemáticas da frieza daquele universo, como na cena em que Collette é interrogada sabendo que um cômodo ao lado está preparado para sua execução, caso o interrogatório revele sua suposta traição. Sobretudo, Agente C - Dupla Identidade merece reconhecimento pela concepção de uma protagonista por quem nutrimos sentimentos conflitantes até o desfecho: embora reprovemos sua filosofia, não deixamos de compadecer por seu tortuoso dilema pessoal e maternal.



Shadow Dancer, Reino Unido/Irlanda, 2012 | Baseado no romance de Tom Bradby. Roteiro de Tom Bradby | Dirigido por James Marsh | Com Andrea Riseborough, Aidan Gillen, Domhnall Gleeson, Brid Brennan, David Wilmot, Martin McCann, Gillian Anderson e Clive Owen.