25 de abril de 2013

Um Bom Partido

Gerard Butler em UM BOM PARTIDO (Playing for Keeps)

Caso não tivesse um elenco repleto de nomes de relevância comercial, Um Bom Partido poderia perfeitamente estrear diretamente em alguma sessão vespertina da TV, sem sequer ser notado. A maior parte da responsabilidade por este feito recai sobre o roteirista Robbie Fox, que, há quase 20 anos sem exercer a função, parece ter parado no tempo e concebe uma trama sem o menor frescor, que tenta esconder o emaranhado de clichês sob uma fachada composta por rostos conhecidos, respeitáveis e carismáticos.

No filme, dirigido pelo italiano Gabriele Muccino (À Procura da Felicidade), Gerard Butler deixa o surfe de lado e se arrisca em outro esporte: na pele de um jogador de futebol, o ator dá vida a um personagem que, após uma fratura, é obrigado a se aposentar e entra em franca decadência pessoal. Com a popularidade em baixa, as contas em alta e o divórcio se legitimando ainda mais graças ao noivado recente de sua ex-esposa, Stacie (Jessica Biel, de O Homem das Sombras), George Drayer (Gerard Butler) acaba aceitando o cargo de treinador do time de futebol juvenil de que seu filho Lewis (Noah Lomax) faz parte. A partir daí, o homem passa a desempenhar um enorme malabarismo para administrar as finanças pessoais, o relacionamento com o filho e com a ex-esposa, o assédio das mães dos jovens jogadores e a oportunidade de trabalho (mesmo que repleta de segundas intenções) ofertada por uma delas, Denise (Catherine Zeta-Jones, de Rock of Ages: O Filme).

Com momentos raros e aparentemente acidentais de humor, a comédia romântica aposta suas fichas na abordagem indiscreta, invasiva e abertamente excitada do grupo de mães em relação a George - e embora Catherine Zeta-Jones e Judy Greer criem tipos bem demarcados (Uma Thurman, coitada, sequer consegue chegar a uma definição sobre a personagem e é categoricamente desperdiçada), o comportamento daquelas mulheres não é particularmente engraçado. Investindo no típico protagonista falido e fracassado cujo reerguimento pessoal requer o reparo de grandes erros do passado, a trama é movida por alguns dos mais irritantes clichês do gênero - e nem é preciso dizer que a tentadora oferta de trabalho só é formalizada no início do terceiro ato e demanda que Drayer mude de cidade, gerando o velho conflito "família versus carreira".

Dando uma importância desnecessária ao senhorio de George com o propósito de estabelecer uma gag pavorosamente sem graça, Um Bom Partido conta ainda com Dennis Quaid (Footloose) no papel aborrecido de um pai que oferece uma gratificação ao treinador para que seus filhos ganhem destaque na equipe de futebol, mesmo desprovidos da competência necessária. Não fosse a ordem de grandeza dos custos da produção, eu seria capaz de suspeitar que o lançamento difundido do longa também é obra de algum milionário que pretende tirar o lugar de produções superiores para realizar algum extravagância misteriosa - trama absurda que acabei de inventar e que provavelmente renderia um filme bem mais interessante que Um Bom Partido.


Playing for Keeps, EUA/Itália, 2012 | Escrito por Robbie Fox | Dirigido por Gabriele Muccino | Com Gerard Butler, Jessica Biel, Noah Lomax, Catherine Zeta-Jones, Dennis Quaid, Uma Thurman, Judy Greer, James Tupper, Iqbal Theba, Jason George.