
Os homens da linhagem dos Furlong não são seres convencionais. Por razões desconhecidas, todos eles desenvolvem algum tipo de habilidade fantástica em decorrência de experiências traumáticas na infância: depois de ver dois adultos transando, um deles passa a ter 37 minutos de cegueira sempre que pensa em sexo; seu descendente, assustado com equipamentos ortodônticos, passa a anular involuntariamente o funcionamento de aparelhos eletrônicos em momentos de nervosismo; por fim, o pequeno James arranca a vida de todos os seres ao redor sempre que tem alguma hemorragia, depois de se ferir tentando estimular o surgimento dos poderes de sua preferência. Naturalmente, as habilidades extraordinárias dos Furlong logo assumem a proporção de grandes maldições - especialmente a de James, que, depois de matar acidentalmente o pai, a avó, uma penca de colegas do reformatório e um lenhador que o acolheu em uma de suas fugas, passa a viver isolado da humanidade em uma cabana na floresta.
Diante de uma introdução que não se intimida em jorrar sangue e multiplicar tragédias, é extremamente decepcionante que Refúgios se deixe levar pela onda de romances fantásticos açucarados impulsionada por Crepúsculo e abra mão de grande parte da força de sua premissa ao insistir em alçar o poder transformador do amor a um patamar literal. Escrito por Nick Murphy e dirigido por Agnès Merlet, o longa irlandês acompanha o breve envolvimento de James Furlong (Harry Treadaway) com Mae-West O'Mara (Rachel Hurd-Wood), uma jovem paciente que foge de um hospital localizado nas redondezas da floresta que abriga o protagonista após descobrir que seu câncer de intestino é irreversível. Há anos sem interagir com outros humanos, James age com um misto de timidez, receio e curiosidade e acaba se apaixonando por Mae-West, mas tenta lutar contra os sentimentos por temer o mal que pode causar à garota.
Com isso, Murphy e Merlet desperdiçam uma premissa instigante e um protagonista dono de devastadores conflitos internos ao apostar em um romance tolo, abrupto e inconvincente que, como já mencionado, transforma o amor em um poder transformador literal dentro do universo do filme. Embora admissível, o conceito causa incômodo por algumas razões: lacunas no passado da família Furlong são abertas, a química do casal principal é deficitária (Treadway, em particular, é péssimo ator) e, pela pobreza ou escassez de metáforas, o conceito soa arbitrário - e o máximo que o roteiro faz nesse sentido é tentar aproximar o casal pelo sofrimento em comum, isto é, a sujeição às danosas heranças genéticas, já que nem o fato de um tirar vidas e a outra estar prestes a morrer é bem aproveitado pelo filme.
Demasiadamente aborrecido para sua curta duração, Refúgios se estabelece de vez como uma decepção assim que concluímos que a maior maldição de James Furlong é, na verdade, ter saído da mente de um roteirista ruim.

Hideaways, Irlanda, 2011 | Escrito por Nick Murphy | Dirigido por Agnès Merlet | Com Harry Treadaway, Rachel Hurd-Wood, James Wilson, Thomas Brodie Sangster, Susan Lynch, Stuart Graham e Kate O'Toole.
Diante de uma introdução que não se intimida em jorrar sangue e multiplicar tragédias, é extremamente decepcionante que Refúgios se deixe levar pela onda de romances fantásticos açucarados impulsionada por Crepúsculo e abra mão de grande parte da força de sua premissa ao insistir em alçar o poder transformador do amor a um patamar literal. Escrito por Nick Murphy e dirigido por Agnès Merlet, o longa irlandês acompanha o breve envolvimento de James Furlong (Harry Treadaway) com Mae-West O'Mara (Rachel Hurd-Wood), uma jovem paciente que foge de um hospital localizado nas redondezas da floresta que abriga o protagonista após descobrir que seu câncer de intestino é irreversível. Há anos sem interagir com outros humanos, James age com um misto de timidez, receio e curiosidade e acaba se apaixonando por Mae-West, mas tenta lutar contra os sentimentos por temer o mal que pode causar à garota.
Com isso, Murphy e Merlet desperdiçam uma premissa instigante e um protagonista dono de devastadores conflitos internos ao apostar em um romance tolo, abrupto e inconvincente que, como já mencionado, transforma o amor em um poder transformador literal dentro do universo do filme. Embora admissível, o conceito causa incômodo por algumas razões: lacunas no passado da família Furlong são abertas, a química do casal principal é deficitária (Treadway, em particular, é péssimo ator) e, pela pobreza ou escassez de metáforas, o conceito soa arbitrário - e o máximo que o roteiro faz nesse sentido é tentar aproximar o casal pelo sofrimento em comum, isto é, a sujeição às danosas heranças genéticas, já que nem o fato de um tirar vidas e a outra estar prestes a morrer é bem aproveitado pelo filme.
Demasiadamente aborrecido para sua curta duração, Refúgios se estabelece de vez como uma decepção assim que concluímos que a maior maldição de James Furlong é, na verdade, ter saído da mente de um roteirista ruim.


Hideaways, Irlanda, 2011 | Escrito por Nick Murphy | Dirigido por Agnès Merlet | Com Harry Treadaway, Rachel Hurd-Wood, James Wilson, Thomas Brodie Sangster, Susan Lynch, Stuart Graham e Kate O'Toole.