8 de abril de 2013

O Babá(ca)

Landry Bender, Kevin Hernandez, Max Records e Jonah Hill em O Babá(ca) (The Sitter)

A preocupação dos roteiristas Brian Gatewood e Alessandro Tanaka (criadores da fracassada série Animal Practice) de inserir elementos politicamente incorretos em O Babá(ca) é notável e, por isso mesmo, vergonhosa. No filme, Jonah Hill (pouco antes de emagrecer expressivos 20 kg) é Noah Griffith, um jovem fracassado que topa trabalhar por uma noite como babá dos filhos de uma amiga de sua mãe, Sandy (Jessica Hecht), para que esta possa sair com um possível pretendente. As crianças, porém, são criações que parecem implorar por repercussões polêmicas: a caçula Blithe (Landry Bender) é uma garota com distúrbios de vaidade, ambições de fama e, eventualmente, age de forma demasiadamente sexualizada; Slater (Max Records, de Onde Vivem os Monstros) tem problemas de ansiedade e sente atração por homens; por fim, o salvadorenho Rodrigo (Kevin Hernandez, o garoto de Plano de Fuga) é um garoto adotado e insubmisso, com apego por explosivos e apreço por prostitutas.

Para completar, o trio de crianças é obrigado a acompanhar o protagonista enquanto este tenta se livrar de uma enrascada envolvendo drogas e violência. Aliás, a premissa de O Babá(ca) desaponta pelo excesso de obviedade e pela patente falta de originalidade: respondendo a uma solicitação de sua namorada interesseira (Ari Graynor, de A Condenação), Noah acaba criando uma dívida com um traficante carismático (Sam Rockwell, de Sete Psicopatas e um Shih Tzu) e, enquanto procura um jeito de levantar o dinheiro, se envolve em uma série de episódios desastrosos - que jamais duram muito tempo, demonstrando a falta de confiança dos roteiristas e do diretor no potencial cômico daquelas situações. Dessa forma, Noah e as crianças passam a noite saltando de um evento para outro sem uma ligação necessariamente lógica entre os fatos - e basta observar, por exemplo, que uma das paradas do grupo ocorre simplesmente porque Blithe defecou nas calças.

Entretanto, por trás de uma narrativa aborrecida e desinteressante, ainda há as tentativas fracassadas do roteiro de trabalhar as polêmicas levantadas pelas personalidades das crianças, especialmente no caso de Slater: incapazes de dar um tratamento apropriado a uma situação delicada, os roteiristas optam por trabalhar a partir de rótulos que definitivamente não refletem o conflito vivido pelo garoto. Para Gatewood e Tanaka, o fato de Slater observar um casal gay no metrô e ter ciúmes do melhor amigo são suficientes para que Noah o tache de homossexual, menosprezando a complexidade da mente de um pré-adolescente na fase da descoberta sexual - e os realizadores acreditam estar fazendo uma espécie de serviço público por tocar abertamente em um tabu como esse.

Repleto de coincidências que apenas ampliam seus deméritos, O Babá(ca) é mais uma daquelas comédias que, de tão ineficazes, não conseguem gerar o riso nem mesmo por deboche.


The Sitter, EUA, 2011 | Escrito por Brian Gatewood & Alessandro Tanaka | Dirigido por David Gordon Green | Com Jonah Hill, Max Records, Landry Bender, Kevin Hernandez, Ari Graynor, Kylie Bunbury, Bruce Altman, D.W. Moffett, Jessica Hecht, J.B. Smoove, Sean Patrick Doyle e Sam Rockwell.