
Não é fácil entender o que se passou na cabeça da roteirista e diretora Carolina Paiva durante a produção de Gueto da América. Embora possua uma proposta interessante (investigar o estilo de vida de brasileiros, portugueses e hispânicos em determinadas redondezas de Newark, no estado norte-americano de New Jersey), o documentário contém um conteúdo fraquíssimo que, por sua vez, é arruinado pelas estranhíssimas opções da diretora.
Mantendo uma câmera sempre agitada, Paiva desvia a atenção dos depoimentos de seus personagens através de zooms, movimentos e inclinações absolutamente desnecessários da câmera, chegando ao cúmulo de, sem qualquer propósito, se afastar de determinado entrevistado a ponto de perder a clareza e o volume de sua fala. Além disso, na sala de montagem, a diretora opta por intercalar os depoimentos com imagens das ruas da cidade (e de uma patinadora no gelo que jamais descobrimos quem é), sobrepostas umas às outras e acompanhadas por uma trilha frenética - uma combinação exaustiva que, mais uma vez, tira o foco das entrevistas e prejudica sensivelmente o ritmo.
Por fim, o curta é prejudicado pela falta de profundidade dos depoimentos, que pouco dizem sobre a situação daqueles imigrantes poucos meses após o atentado terrorista de 11 de Setembro (detalhe que a sinopse destaca, mas que o curta também explora muitíssimo mal). A identificação com nossos conterrâneos, pessoas simples, trabalhadoras, esforçadas e repletas de sonhos e planos, gera naturalmente nosso interesse, mas Gueto da América nos priva de conhecê-los melhor e acaba soando como uma reportagem do Fantástico que, de tão fraca e mal produzida, foi categoricamente descartada pela direção da atração.
Gueto da América, Brasil, 2004 | Escrito por Carolina Paiva | Dirigido por Carolina Paiva.
Mantendo uma câmera sempre agitada, Paiva desvia a atenção dos depoimentos de seus personagens através de zooms, movimentos e inclinações absolutamente desnecessários da câmera, chegando ao cúmulo de, sem qualquer propósito, se afastar de determinado entrevistado a ponto de perder a clareza e o volume de sua fala. Além disso, na sala de montagem, a diretora opta por intercalar os depoimentos com imagens das ruas da cidade (e de uma patinadora no gelo que jamais descobrimos quem é), sobrepostas umas às outras e acompanhadas por uma trilha frenética - uma combinação exaustiva que, mais uma vez, tira o foco das entrevistas e prejudica sensivelmente o ritmo.
Por fim, o curta é prejudicado pela falta de profundidade dos depoimentos, que pouco dizem sobre a situação daqueles imigrantes poucos meses após o atentado terrorista de 11 de Setembro (detalhe que a sinopse destaca, mas que o curta também explora muitíssimo mal). A identificação com nossos conterrâneos, pessoas simples, trabalhadoras, esforçadas e repletas de sonhos e planos, gera naturalmente nosso interesse, mas Gueto da América nos priva de conhecê-los melhor e acaba soando como uma reportagem do Fantástico que, de tão fraca e mal produzida, foi categoricamente descartada pela direção da atração.
Gueto da América, Brasil, 2004 | Escrito por Carolina Paiva | Dirigido por Carolina Paiva.