
por Eduardo Monteiro




The Croods, EUA, 2013 | Duração: 1h38m27s | Lançado no Brasil em 22 de Março de 2013, nos cinemas | História de Kirk De Micco e Chris Sanders. Roteiro de Chris Sanders e Kirk De Micco | Dirigido por Kirk De Micco e Chris Sanders | Com as vozes de Emma Stone, Nicolas Cage, Ryan Reynolds, Catherine Keener, Clark Duke, Cloris Leachman e Chris Sanders.
Os Croods são uma família de humanos extremamente fortes, ágeis e elásticos que, às vésperas do início da deriva continental, passam a maior parte do tempo enfurnados em uma caverna para fugir dos riscos oferecidos pelo ambiente pedregoso e hostil que os cerca. Naturalmente, a nova animação da DreamWorks Animation - primeira do recente acordo de distribuição com a 20th Century Fox - é ambientada em uma dimensão paralela em que todos esses absurdos históricos e fisiológicos são admissíveis e, mais que isso, servem como matéria-prima para as gags particulares de um longa que, em essência, não passa de uma típica e eficiente comédia familiar.
No roteiro, escrito pelos diretores Kirk De Micco (Space Chimps - Micos no Espaço) e Chris Sanders (Como Treinar o Seu Dragão), Grug (Nicolas Cage), o patriarca dos Croods, é um homem que, pensando na proteção de sua família, rejeita tudo que é novo e desconhecido - postura que fere o desejo intenso de liberdade da curiosa e corajosa primogênita Eep (Emma Stone). Encantada pelo brilho tremulante de uma luz misteriosa, a garota se esgueira para fora da caverna em uma noite qualquer e conhece o jovem Guy (Ryan Reynolds), que lhe apresenta uma fantástica descoberta da humanidade - o fogo - e compartilha com a garota uma história aterradora sobre o iminente fim do mundo. Depois que sua caverna é destruída por inesperadas atividades tectônicas, os Croods decidem acompanhar o rapaz rumo ao Amanhã, destino apontado por tradições como um local seguro para se viver.
Claro, há um belo fundo poético nessa jornada dos personagens: embora não saibam disso, a busca pelo Amanhã representa o desejo e a esperança de sobrevivência e prosperidade daquele núcleo familiar, que, tempos antes do surgimento de instrumentos eficazes de defesa, vive um dia após o outro em um estado de constante apreensão. Dessa forma, o longa acerta ao induzir o espectador a se surpreender e temer o desconhecido juntamente com os Croods através de cenários improváveis e inusitados (como o recife terrestre) ou da fauna e da flora compostas por mesclas de seres conhecidos, como o urso com feições de coruja, as ratazanas com fisionomia de elefante, as tartarugas aladas, as baleias terrestres ou a revoada de pássaros cuja beleza cai por terra quando descobrimos mais sobre seus hábitos predatórios.
Aliás, o design de produção é um dos maiores destaques de Os Croods: além do impressionante detalhismo de uma ampla variedade de cenários deslumbrantes, a equipe comandada por De Micco e Sanders concebe planos belíssimos (como aquele geral em que a família corre contra o tempo através de um campo enevoado) e acerta também no design dos personagens, cuja natural estranheza não impede que possuam visuais interessantes - com óbvio destaque para a ousadia de conferir a Eep um tórax surpreendentemente forte e largo. Além disso, a empolgante e divertida trilha de Alan Silvestri frequentemente complementa e engrandece o trabalho dos animadores, cujos dinamismo e fluidez ficam mais que evidentes e bem exemplificados na animada cena em que a família une forças para roubar um grande ovo.
Entretanto, é a dinâmica dos personagens que transforma a animação em um projeto tão interessante: a agitação, a instabilidade e o carisma dos Croods são capazes de diminuir o incômodo da existência de desgastados conflitos movendo a trama, como a relação conturbada entre a filha rebelde e o pai protetor ou a gradual perda de autoridade deste último diante do surgimento de um indivíduo mais inteligente e arrojado. Ainda nesse sentido, a ideia de ambientar a narrativa em uma época dita pré-histórica revela-se uma sacada interessante não só por eliminar subtramas e coadjuvantes dispensáveis e manter o foco naqueles personagens (afinal, os Croods e Guy são os únicos humanos vivendo naquela região), como também por universalizar de uma maneira curiosa os dramas familiares comuns apresentados e, de certa forma, ressaltar a natureza bondosa, familiar e solidária do ser humano. Infelizmente, os realizadores não conseguem evitar lições de moral e frases melosas das mais cafonas no terço final da projeção, recorrendo a falas como "Ele te ama, mas sempre esquece de dizer" para destacar emoções que poderiam ser expressas de formas mais sutis (como a melancolia no tocante sopro de conchas à beira de um abismo).
Evitando abusar de estratégias distrativas e invasivas do 3D, Os Croods é uma produção que, mesmo soando como um recorte de animações anteriores (Valente, A Era do Gelo e Como Treinar o Seu Dragão são as recordações mais imediatas), consegue exibir algum frescor, estampar sorrisos nos rostos dos espectadores e, quem sabe, encerrar a sequência de vacas magras no cinema de animação e reabrir a temporada de bons lançamentos.
No roteiro, escrito pelos diretores Kirk De Micco (Space Chimps - Micos no Espaço) e Chris Sanders (Como Treinar o Seu Dragão), Grug (Nicolas Cage), o patriarca dos Croods, é um homem que, pensando na proteção de sua família, rejeita tudo que é novo e desconhecido - postura que fere o desejo intenso de liberdade da curiosa e corajosa primogênita Eep (Emma Stone). Encantada pelo brilho tremulante de uma luz misteriosa, a garota se esgueira para fora da caverna em uma noite qualquer e conhece o jovem Guy (Ryan Reynolds), que lhe apresenta uma fantástica descoberta da humanidade - o fogo - e compartilha com a garota uma história aterradora sobre o iminente fim do mundo. Depois que sua caverna é destruída por inesperadas atividades tectônicas, os Croods decidem acompanhar o rapaz rumo ao Amanhã, destino apontado por tradições como um local seguro para se viver.
Claro, há um belo fundo poético nessa jornada dos personagens: embora não saibam disso, a busca pelo Amanhã representa o desejo e a esperança de sobrevivência e prosperidade daquele núcleo familiar, que, tempos antes do surgimento de instrumentos eficazes de defesa, vive um dia após o outro em um estado de constante apreensão. Dessa forma, o longa acerta ao induzir o espectador a se surpreender e temer o desconhecido juntamente com os Croods através de cenários improváveis e inusitados (como o recife terrestre) ou da fauna e da flora compostas por mesclas de seres conhecidos, como o urso com feições de coruja, as ratazanas com fisionomia de elefante, as tartarugas aladas, as baleias terrestres ou a revoada de pássaros cuja beleza cai por terra quando descobrimos mais sobre seus hábitos predatórios.

Aliás, o design de produção é um dos maiores destaques de Os Croods: além do impressionante detalhismo de uma ampla variedade de cenários deslumbrantes, a equipe comandada por De Micco e Sanders concebe planos belíssimos (como aquele geral em que a família corre contra o tempo através de um campo enevoado) e acerta também no design dos personagens, cuja natural estranheza não impede que possuam visuais interessantes - com óbvio destaque para a ousadia de conferir a Eep um tórax surpreendentemente forte e largo. Além disso, a empolgante e divertida trilha de Alan Silvestri frequentemente complementa e engrandece o trabalho dos animadores, cujos dinamismo e fluidez ficam mais que evidentes e bem exemplificados na animada cena em que a família une forças para roubar um grande ovo.
Entretanto, é a dinâmica dos personagens que transforma a animação em um projeto tão interessante: a agitação, a instabilidade e o carisma dos Croods são capazes de diminuir o incômodo da existência de desgastados conflitos movendo a trama, como a relação conturbada entre a filha rebelde e o pai protetor ou a gradual perda de autoridade deste último diante do surgimento de um indivíduo mais inteligente e arrojado. Ainda nesse sentido, a ideia de ambientar a narrativa em uma época dita pré-histórica revela-se uma sacada interessante não só por eliminar subtramas e coadjuvantes dispensáveis e manter o foco naqueles personagens (afinal, os Croods e Guy são os únicos humanos vivendo naquela região), como também por universalizar de uma maneira curiosa os dramas familiares comuns apresentados e, de certa forma, ressaltar a natureza bondosa, familiar e solidária do ser humano. Infelizmente, os realizadores não conseguem evitar lições de moral e frases melosas das mais cafonas no terço final da projeção, recorrendo a falas como "Ele te ama, mas sempre esquece de dizer" para destacar emoções que poderiam ser expressas de formas mais sutis (como a melancolia no tocante sopro de conchas à beira de um abismo).
Evitando abusar de estratégias distrativas e invasivas do 3D, Os Croods é uma produção que, mesmo soando como um recorte de animações anteriores (Valente, A Era do Gelo e Como Treinar o Seu Dragão são as recordações mais imediatas), consegue exibir algum frescor, estampar sorrisos nos rostos dos espectadores e, quem sabe, encerrar a sequência de vacas magras no cinema de animação e reabrir a temporada de bons lançamentos.
