
Embora não possua elementos fantásticos ou sobrenaturais, A Busca é um filme cuja apreciação depende estreitamente do princípio da suspensão da descrença. Afinal, é uma tarefa das mais difíceis admitir que um adolescente fuja de casa e, em questão de dias, atravesse dois estados a cavalo; que seus pais sejam desequilibrados o bastante para tomar a frente da busca do rapaz, ao invés de procurar aconselhamento de autoridades e profissionais capacitados e experientes; e que a busca em si seja tão convenientemente promissora, já que o garoto, embora obviamente intente despistar os pais, percorre estradas e cidades deixando uma infinidade de pistas.
Isso sem mencionar, claro, a facilidade absurda com que essas tais pistas se apresentam para o pai do rapaz. A certa altura da frustrante busca pelo filho fujão, por exemplo, Theo (Wagner Moura) desvia de sua rota para dar carona a um grupo de jovens baladeiros, cujo carro quebrara a caminho de uma festa de rua interiorana. Chegando ao local, o homem, desiludido e derrotado em meio a uma multidão de jovens, é abruptamente abordado por uma garota aleatória e desconhecida, que pergunta se Theo poderia lhe pagar um sanduíche. Por uma incrível obra do destino, a jovem oferece informações fundamentais para a continuidade da busca, que parecia ter chegado a um beco sem saída.
E esses são apenas alguns dos aspectos do roteiro de Elena Soares (Xingu, Casa de Areia), co-escrito pelo diretor Luciano Moura, que dificultam o envolvimento do espectador com a história. Ao final do filme, fica claro que há um drama consistente por trás da fuga de Pedro (Brás Moreau Antunes) e da busca de Theo, mas muitas das etapas da procura em nada contribuem para o quadro geral. Embora o encontro do protagonista com o grupo de jovens dê início a uma sequência de eventos que reacendem a vocação do Theo como pai, o descontrole do homem e da esposa Branca (Mariana Lima) no início do filme e a falta de conexão entre a busca e a resolução da narrativa aborrecem e deixam nosso investimento emocional alheio a recompensas.

A Busca, Brasil, 2012 | Roteiro de Elena Soares e Luciano Moura | Dirigido por Luciano Moura | Com Wagner Moura, Mariana Lima, Brás Moreau Antunes e Lima Duarte.
Isso sem mencionar, claro, a facilidade absurda com que essas tais pistas se apresentam para o pai do rapaz. A certa altura da frustrante busca pelo filho fujão, por exemplo, Theo (Wagner Moura) desvia de sua rota para dar carona a um grupo de jovens baladeiros, cujo carro quebrara a caminho de uma festa de rua interiorana. Chegando ao local, o homem, desiludido e derrotado em meio a uma multidão de jovens, é abruptamente abordado por uma garota aleatória e desconhecida, que pergunta se Theo poderia lhe pagar um sanduíche. Por uma incrível obra do destino, a jovem oferece informações fundamentais para a continuidade da busca, que parecia ter chegado a um beco sem saída.
E esses são apenas alguns dos aspectos do roteiro de Elena Soares (Xingu, Casa de Areia), co-escrito pelo diretor Luciano Moura, que dificultam o envolvimento do espectador com a história. Ao final do filme, fica claro que há um drama consistente por trás da fuga de Pedro (Brás Moreau Antunes) e da busca de Theo, mas muitas das etapas da procura em nada contribuem para o quadro geral. Embora o encontro do protagonista com o grupo de jovens dê início a uma sequência de eventos que reacendem a vocação do Theo como pai, o descontrole do homem e da esposa Branca (Mariana Lima) no início do filme e a falta de conexão entre a busca e a resolução da narrativa aborrecem e deixam nosso investimento emocional alheio a recompensas.


A Busca, Brasil, 2012 | Roteiro de Elena Soares e Luciano Moura | Dirigido por Luciano Moura | Com Wagner Moura, Mariana Lima, Brás Moreau Antunes e Lima Duarte.