
Com pouco mais de 50 dias, 2013 tem se revelado um ano atípico no que diz respeito ao lançamento de animações: até o momento, todas são de nacionalidades distintas, começando pela norteamericana Detona Ralph (e o curta O Avião de Papel que a acompanha), passando pela belga Sammy - A Grande Fuga e pela espanhola As Aventuras de Tadeo e chegando na russa O Reino Gelado - e embora a hegemonia das americanas eventualmente venha a ser retomada nos próximos meses (especialmente com Os Croods ou Reino Escondido), continuam agendadas as estreias de produções animadas da Argentina (Time Show de Bola), França (Titeuf), Alemanha (O Homem da Lua) e sim, do Brasil (Uma História de Amor e Fúria, Minhocas). Por outro lado, 2013 também já começa a dar sinal de suas prováveis dobradinhas: enquanto o par de filmes sobre atentados à Casa Branca não chega, O Reino Gelado prepara o terreno para o lançamento de Frozen: O Reino do Gelo, animação da Disney baseada no mesmo material original.
Trata-se do conto A Rainha da Neve, escrito pelo dinamarquês Hans Christian Andersen em meados do século XIX. Na história, a maléfica Rainha da Neve submete o mundo a um inverno intenso e perpétuo, cuja existência é ameaçada apenas pelos quase extintos magos. Para impedir que isso ocorra, a Rainha incumbe um Troll de raptar Kai e Gerda, órfãos do Mestre Vegard - mas a garota consegue escapar durante o percurso e, ao saber das intenções da vilã, parte em direção ao castelo para resgatar o irmão.
Embora não conte com a exuberância e o preciosismo técnico das gigantes Pixar, PDI ou Blue Sky, O Reino Gelado é muitíssimo mais interessante visualmente que porcarias sul-coreanas como O Mar Não Está Pra Peixe - Tubarões à Vista! ou Outback - Uma Galera Animal: os cenários concebidos pela produção, desde o imenso jardim protegido do frio por uma estufa ou o castelo rigorosamente dividido ao meio, chamam atenção pela riqueza de detalhes, como as xícaras e vestes que remetem a botões de flores ou a meia-coroa pendurada no pescoço do rei (como se fossem óculos), por exemplo. Além disso, os personagens se expressam e movimentam com uma fluidez satisfatória e a "câmera" é movimentada de forma imaginativa, embora um incêndio em um castelo, em particular, peque pela absoluta falta de urgência da cena.
Infelizmente, o desenvolvimento da história não desperta semelhante admiração: as diversas paradas de Gerda fazem com que a narrativa soe demasiadamente episódica, especialmente quando trazem lições de moral em seus desfechos ("Às vezes, a arma mais poderosa é um simples abraço" é uma delas). Dessa forma, O Reino Gelado surge como uma produção com cunho educativo para crianças que, apesar dos diversos clichês (a resolução principal, por exemplo, lembra muito a de ParaNorman, embora é possível que este último possa ter sido influenciado pelo conto original d'A Rainha da Neve), também consegue entreter os adultos sem afrontar suas inteligências. Nada que os artistas da Disney não consigam superar com o inédito Frozen - O Reino do Gelo. Aguardemos.

Snezhnaya koroleva, Rússia, 2012 | Baseado no conto "A Rainha da Neve", de Hans Christian Andersen. Escrito por Vlad Barbe e Vadim Sveshnikov | Dirigido por Vlad Barbe e Maksim Sveshnikov | Com as vozes de Anna Shurochkina, Ivan Okhlobystin, Lyudmila Artemeva, Anna Ardova, Dmitriy Nagiev, Yuriy Stoyanov.
Trata-se do conto A Rainha da Neve, escrito pelo dinamarquês Hans Christian Andersen em meados do século XIX. Na história, a maléfica Rainha da Neve submete o mundo a um inverno intenso e perpétuo, cuja existência é ameaçada apenas pelos quase extintos magos. Para impedir que isso ocorra, a Rainha incumbe um Troll de raptar Kai e Gerda, órfãos do Mestre Vegard - mas a garota consegue escapar durante o percurso e, ao saber das intenções da vilã, parte em direção ao castelo para resgatar o irmão.
Embora não conte com a exuberância e o preciosismo técnico das gigantes Pixar, PDI ou Blue Sky, O Reino Gelado é muitíssimo mais interessante visualmente que porcarias sul-coreanas como O Mar Não Está Pra Peixe - Tubarões à Vista! ou Outback - Uma Galera Animal: os cenários concebidos pela produção, desde o imenso jardim protegido do frio por uma estufa ou o castelo rigorosamente dividido ao meio, chamam atenção pela riqueza de detalhes, como as xícaras e vestes que remetem a botões de flores ou a meia-coroa pendurada no pescoço do rei (como se fossem óculos), por exemplo. Além disso, os personagens se expressam e movimentam com uma fluidez satisfatória e a "câmera" é movimentada de forma imaginativa, embora um incêndio em um castelo, em particular, peque pela absoluta falta de urgência da cena.
Infelizmente, o desenvolvimento da história não desperta semelhante admiração: as diversas paradas de Gerda fazem com que a narrativa soe demasiadamente episódica, especialmente quando trazem lições de moral em seus desfechos ("Às vezes, a arma mais poderosa é um simples abraço" é uma delas). Dessa forma, O Reino Gelado surge como uma produção com cunho educativo para crianças que, apesar dos diversos clichês (a resolução principal, por exemplo, lembra muito a de ParaNorman, embora é possível que este último possa ter sido influenciado pelo conto original d'A Rainha da Neve), também consegue entreter os adultos sem afrontar suas inteligências. Nada que os artistas da Disney não consigam superar com o inédito Frozen - O Reino do Gelo. Aguardemos.


Snezhnaya koroleva, Rússia, 2012 | Baseado no conto "A Rainha da Neve", de Hans Christian Andersen. Escrito por Vlad Barbe e Vadim Sveshnikov | Dirigido por Vlad Barbe e Maksim Sveshnikov | Com as vozes de Anna Shurochkina, Ivan Okhlobystin, Lyudmila Artemeva, Anna Ardova, Dmitriy Nagiev, Yuriy Stoyanov.