
Começo esse texto propondo o seguinte exercício mental: pegue Avatar, adicione toques de Os Goonies, insira animais engraçadinhos, amarre tudo em uma trama maniqueísta e transporte para a Amazônia. Se você foi capaz de juntas todas as peças, então já tem uma boa ideia do que esperar de Tainá - A Origem, prequel dos longas infantis brasileiros Tainá - Uma Aventura na Amazônia e Tainá 2 - A Aventura Continua.
Escrito por Cláudia Levay (autora também dos dois primeiros filmes), Tainá - A Origem tem início com o Vô Tigê (Gracindo Júnior) encontrando a personagem-título, ainda bebê, às margens de uma majestosa e mítica árvore sagrada. Anos depois, Tainá (Tembé) é levada à aldeia de seu povo para assistir ao ritual de escolha do grande guerreiro que protegerá a tribo da encarnação do Mal, conhecida como Jurupari. É então que a pequena índia, contrariando os costumes, se intromete no processo e vence a competição proposta, embora sua vitória não seja reconhecida pelo cacique. A partir daí, Tainá se lança na floresta com o objetivo de descobrir um pouco mais sobre seu passado e proteger a Grande Árvore de piratas da biodiversidade, liderados pelo maléfico Vitor (Berenguer).
No processo, a indiazinha encontra Laurinha (Noskoski), uma garota da cidade que, de férias na casa do biólogo Vô Téo (Leal Maia), acaba perdida na floresta depois de tentar pregar uma peça no avô. A relação entre Tainá e Laurinha, apesar de explorar um tema batido (o contato entre nativos e civilizados), é o que o filme tem de mais interessante, mérito especialmente das atrizes mirins: enquanto Beatriz Noskoski consegue transformar a menina da cidade em uma patricinha divertida a seu modo e surpreendentemente pouco antipática, a indiazinha Wiranu Tembé, selecionada entre mais de duas mil candidatas antes mesmo de aprender a falar o português, encanta com um olhar forte e a expressividade necessária para carregar o projeto, demonstrando um bom domínio sobre a personagem e conseguindo conferir até mesmo uma divertida espirituosidade a Tainá - como vista nos vários momentos em que parece debochar das frescuras de Laurinha.
Entretanto, bem como a participação do índio nerd e informatizado Gobi (Ozzy), a relação das garotas praticamente não interfere na trama principal, que envolve os esforços de Vitor e seus comparsas (cujas motivações jamais ficam claras) para derrubar a Grande Árvore. Embora as crianças sejam constantemente perseguidas pelo vilão (cuja maldade é expressa por uma ridícula e repetitiva mudança da cor da íris), falta perigo à jornada delas, o que fatalmente compromete o clímax, com o fatídico e tolo encontro entre Tainá e o Jurupari. Há ainda a tentativa de forçar uma conexão entre as crianças e a natureza, mas a realidade é que a participação de papagaios, macacos, aranhas, tartarugas ou de um filhote de onça servem apenas para encher os olhos do público com as belezas naturais do Brasil e, eventualmente, despertar o riso das crianças por atribuir aos animais comportamentos humanos.
Para completar, quando o conflito central finalmente é resolvido, todas as subtramas são jogadas para o alto e encerradas de forma corrida e arbitrária, para agilizar a chegada dos créditos finais - que, honestamente, chegam em boa hora.
Escrito por Cláudia Levay (autora também dos dois primeiros filmes), Tainá - A Origem tem início com o Vô Tigê (Gracindo Júnior) encontrando a personagem-título, ainda bebê, às margens de uma majestosa e mítica árvore sagrada. Anos depois, Tainá (Tembé) é levada à aldeia de seu povo para assistir ao ritual de escolha do grande guerreiro que protegerá a tribo da encarnação do Mal, conhecida como Jurupari. É então que a pequena índia, contrariando os costumes, se intromete no processo e vence a competição proposta, embora sua vitória não seja reconhecida pelo cacique. A partir daí, Tainá se lança na floresta com o objetivo de descobrir um pouco mais sobre seu passado e proteger a Grande Árvore de piratas da biodiversidade, liderados pelo maléfico Vitor (Berenguer).
No processo, a indiazinha encontra Laurinha (Noskoski), uma garota da cidade que, de férias na casa do biólogo Vô Téo (Leal Maia), acaba perdida na floresta depois de tentar pregar uma peça no avô. A relação entre Tainá e Laurinha, apesar de explorar um tema batido (o contato entre nativos e civilizados), é o que o filme tem de mais interessante, mérito especialmente das atrizes mirins: enquanto Beatriz Noskoski consegue transformar a menina da cidade em uma patricinha divertida a seu modo e surpreendentemente pouco antipática, a indiazinha Wiranu Tembé, selecionada entre mais de duas mil candidatas antes mesmo de aprender a falar o português, encanta com um olhar forte e a expressividade necessária para carregar o projeto, demonstrando um bom domínio sobre a personagem e conseguindo conferir até mesmo uma divertida espirituosidade a Tainá - como vista nos vários momentos em que parece debochar das frescuras de Laurinha.
Entretanto, bem como a participação do índio nerd e informatizado Gobi (Ozzy), a relação das garotas praticamente não interfere na trama principal, que envolve os esforços de Vitor e seus comparsas (cujas motivações jamais ficam claras) para derrubar a Grande Árvore. Embora as crianças sejam constantemente perseguidas pelo vilão (cuja maldade é expressa por uma ridícula e repetitiva mudança da cor da íris), falta perigo à jornada delas, o que fatalmente compromete o clímax, com o fatídico e tolo encontro entre Tainá e o Jurupari. Há ainda a tentativa de forçar uma conexão entre as crianças e a natureza, mas a realidade é que a participação de papagaios, macacos, aranhas, tartarugas ou de um filhote de onça servem apenas para encher os olhos do público com as belezas naturais do Brasil e, eventualmente, despertar o riso das crianças por atribuir aos animais comportamentos humanos.
Para completar, quando o conflito central finalmente é resolvido, todas as subtramas são jogadas para o alto e encerradas de forma corrida e arbitrária, para agilizar a chegada dos créditos finais - que, honestamente, chegam em boa hora.
Tainá - A Origem, Brasil, 2013 | Roteiro de Cláudia Levay | Dirigido por Rosane Svartman | Com Wiranu Tembé, Beatriz Noskoski, Igor Ozzy, Gracindo Júnior, Nuno Leal Maia, Guilherme Berenguer, Laila Zaid, Leon Goes, Mayara Bentes e Fidélis Baniwa.