
As estatísticas não mentem: o trânsito brasileiro é um dos mais violentos do mundo. Sendo São Paulo a maior metrópole do país (e também da América Latina), é natural que seus habitantes também enfrentem os maiores contratempos envolvendo o deslocamento por automóveis, incluindo uma série de tragédias perfeitamente evitáveis. Idealizado pelo grupo Viva Vitão, Luto em Luta aborda de forma bastante abrangente a questão da imprudência no trânsito, incluindo desdobramentos como impunidade, tragédias e projetos de lei desenvolvidos para minimizar o caos do trânsito de São Paulo - embora estender a discussão e suas conclusões para outras cidades grandes não seja uma tarefa muito difícil para o espectador.
Escrito e dirigido pelo jovem estreante Pedro Serrano, o documentário é dividido em três partes - e a primeira (Barbárie) é a maior e certamente a mais importante. Nela, os depoimentos diretos e sempre construtivos de médicos, advogados, policiais, psicanalistas, juristas, vereadores, jornalistas, engenheiros de trânsito e cidadãos comuns constroem um panorama bastante completo da situação caótica do trânsito na capital paulista, apontando ainda a necessidade e a possibilidade de mudança imediata. Não há a preocupação de apresentar conceitos inéditos ou surpreendentes para o espectador que tenha o mínimo de bom senso e caráter como motorista ou pedestre, mas a conscientização de todos - objetivo central do documentário - recebe uma necessária e mais que merecida ênfase por parte dos realizadores.
Nas breves segunda (O Luto) e terceira (A Luta) partes, porém, Luto em Luta perde parte de sua força: embora compreensíveis, os depoimentos dos amigos de Vítor - cujo trágico falecimento após um atropelamento motivou a criação do movimento Viva Vitão - pecam pela falta de objetividade, já que o resgate minucioso das qualidades do rapaz em vida não torna sua morte mais ou menos pungente para o público. Por isso, a participação mais concisa de Rafael Baltresca - que, já órfão de pai, perdeu a mãe e a irmã em um acidente provocado por um condutor embriagado em alta velocidade - revela-se muito mais significativa: a força de vontade do rapaz de tentar evitar que outras pessoas sejam atingidas por sofrimento semelhante ao seu é clara, comovente e inspiradora.
E é por essas e outras que Luto em Luta e os movimentos Viva Vitão e Não Foi Acidente merecem aplausos e amplo reconhecimento público: o lema "Não espere perder um amigo para mudar sua atitude no trânsito" é de uma relevância ímpar e precisa ser divulgado em caráter de extrema urgência. Se cada espectador acolher a vivacidade da mudança de fotografia entre a segunda e a terceira parte do documentário - quando o luto dos idealizadores e entrevistados é transformado em luta -, a realidade bárbara do trânsito brasileiro de fato poderá ser revertida.
Para ver o filme na íntegra e legalmente, clique aqui.



Luto em Luta, Brasil, 2012 | Escrito por Pedro Serrano | Dirigido por Pedro Serrano.
Escrito e dirigido pelo jovem estreante Pedro Serrano, o documentário é dividido em três partes - e a primeira (Barbárie) é a maior e certamente a mais importante. Nela, os depoimentos diretos e sempre construtivos de médicos, advogados, policiais, psicanalistas, juristas, vereadores, jornalistas, engenheiros de trânsito e cidadãos comuns constroem um panorama bastante completo da situação caótica do trânsito na capital paulista, apontando ainda a necessidade e a possibilidade de mudança imediata. Não há a preocupação de apresentar conceitos inéditos ou surpreendentes para o espectador que tenha o mínimo de bom senso e caráter como motorista ou pedestre, mas a conscientização de todos - objetivo central do documentário - recebe uma necessária e mais que merecida ênfase por parte dos realizadores.
Nas breves segunda (O Luto) e terceira (A Luta) partes, porém, Luto em Luta perde parte de sua força: embora compreensíveis, os depoimentos dos amigos de Vítor - cujo trágico falecimento após um atropelamento motivou a criação do movimento Viva Vitão - pecam pela falta de objetividade, já que o resgate minucioso das qualidades do rapaz em vida não torna sua morte mais ou menos pungente para o público. Por isso, a participação mais concisa de Rafael Baltresca - que, já órfão de pai, perdeu a mãe e a irmã em um acidente provocado por um condutor embriagado em alta velocidade - revela-se muito mais significativa: a força de vontade do rapaz de tentar evitar que outras pessoas sejam atingidas por sofrimento semelhante ao seu é clara, comovente e inspiradora.
E é por essas e outras que Luto em Luta e os movimentos Viva Vitão e Não Foi Acidente merecem aplausos e amplo reconhecimento público: o lema "Não espere perder um amigo para mudar sua atitude no trânsito" é de uma relevância ímpar e precisa ser divulgado em caráter de extrema urgência. Se cada espectador acolher a vivacidade da mudança de fotografia entre a segunda e a terceira parte do documentário - quando o luto dos idealizadores e entrevistados é transformado em luta -, a realidade bárbara do trânsito brasileiro de fato poderá ser revertida.
Para ver o filme na íntegra e legalmente, clique aqui.




Luto em Luta, Brasil, 2012 | Escrito por Pedro Serrano | Dirigido por Pedro Serrano.