
That's My Boy, EUA, 2012 | Duração: 1h56m02s | Lançado no Brasil em 13 de Dezembro de 2012, em DVD e Blu-ray | Escrito por David Caspe | Dirigido por Sean Anders | Com Adam Sandler, Andy Samberg, Leighton Meester, Vanilla Ice, Milo Ventimiglia, Will Forte, Tony Orlando, Blake Clark, Meagen Fay, Peggy Stewart, James Caan, Rachel Dratch, Luenell, Nick Swardson, Eva Amurri Martino, Justin Weaver e Susan Sarandon.
Após ser massacrado pela crítica internacional e atrair menos público nos Estados Unidos do que os produtores gostariam, Cada um Tem a Gêmea Que Merece se tornou a maior bilheteria brasileira de um filme estrelado por Adam Sandler. Por essa razão, o cancelamento do lançamento nos cinemas brasileiros de seu filme seguinte, Este é o Meu Garoto, foi recebido por muitos com surpresa e desconfiança e me impulsionou a levantar duas hipóteses sobre o caso: ou o filme seria muito bom e, por isso, não atrairia o público habituado com as imbecilidades de Sandler, ou seria tão desprezível que nem mesmo seus fãs se sujeitariam a tamanha perda de tempo.
Assistir ao filme e pesquisar brevemente sobre o lançamento, porém, me conduziu a uma conclusão diferente e definitiva: o temor da distribuidora com relação à bilheteria falou mais alto, com base no surpreendente fracasso da comédia no mercado norte-americano - uma surpresa válida, levando-se em consideração que, tirando os pavorosos 10 minutos iniciais (talvez os mais ofensivos de toda a carreira do comediante), o filme parecia uma aposta infalível por respeitar o padrão de mediocridade estabelecido por Sandler ao longo dos anos e até mesmo reciclar algumas estratégias do sucesso comercial mencionado no início desse texto.
Dirigido por Sean Anders (Sex Drive - Rumo ao Sexo) e escrito pelo estreante David Caspe, o filme parte da realização de uma fantasia típica da infância - mas ao invés de apostar em uma opção (pelo menos a princípio) leve e inofensiva, como o desejo de voar e ter superpoderes realizado no recente Poder Sem Limites, o roteiro aposta suas fichas em uma introdução cujo mau gosto dispensa maiores comentários: julgando que pedofilia pode ser algo divertido, o filme nos apresenta à paixão juvenil do pré-adolescente Donny (Weaver) pela professora de matemática Mary McGarrincle (vivida por Eva Amurri Martino na versão jovem e por sua mãe, Susan Sarandon, na versão sexagenária), que se transforma em uma relação sexual nada sutil e culmina na gravidez da mulher. Como não poderia deixar de ser, a professora é sentenciada a longos anos de cadeia - mas esse mínimo de bom senso é o máximo que o roteiro admite abraçar, já que, segundos antes, vemos Donny sendo ovacionado por uma multidão de estudantes, em decorrência de seu feito. E quando paramos para imaginar o rebuliço que uma versão feminina dessa mesma situação poderia causar (excluindo a parte da gravidez, pra não desbalancear a comparação), não só o mau-caratismo de Caspe fica mais evidente, como também seu sexismo é deixado no ar.
Transformando em comédia uma premissa que renderia um drama dos mais pesados, Este é o Meu Garoto salta algumas décadas e traz, mais uma vez, Adam Sandler interpretando uma criança na casa dos 40 anos - no caso, a versão adulta, alcoólatra e endividada de Donny, que acerta com um produtor sensacionalista a realização de um reencontro televisionado entre ele, a professora pedófila e o rebento Todd (Samberg). No entanto, a relação entre pai e filho reflete o delicado período ignorado pela elipse dos créditos iniciais: em resposta a uma criação negligente, Todd se emancipou ainda jovem e, diferentemente do pai (com que fez questão de cortar relações), conseguiu alcançar o sucesso pessoal com as próprias pernas. Prestes a se casar, o homem recebe a inconveniente visita surpresa e do pai, que, por força das circunstâncias, é apresentado à família da noiva como um velho amigo e convidado para os tradicionais eventos que antecedem o matrimônio.
Constantemente visto com uma lata de cerveja na mão e dono de um tom de voz maçante, Donny é mais uma daquelas criações absolutamente esquizofrênicas e detestáveis de Sandler que, por razões que jamais ficarão claras, cai nas graças dos personagens secundários, fazendo com que o protagonista pareça importuno por razões que também nunca serão esclarecidas - e caso não tenham notado, acabo de descrever a premissa de Cada um Tem a Gêmea Que Merece. Para completar, além de repetir exatamente a mesma dinâmica do filme anterior de Sandler, Este é o Meu Garoto recorre à mais que batida estrutura de filmes de casamento, cujo desenrolar padrão praticamente exime o roteirista de metade do trabalho - e Caspe não faz o mínimo esforço para inovar, apostando em discursos constrangedores em jantares de ensaio, despedidas de solteiros destrambelhadas e sediando o clímax da narrativa no matrimônio propriamente dito.
Incluindo Susan Sarandon e James Caan em sua campanha para queimar o filme do maior número possível de atores veteranos (cujas vítimas mais recentes foram Nicole Kidman em Esposa de Mentirinha e Al Pacino em Cada Um Tem a Gêmea que Merece), Adam Sandler transforma Este é o Meu Garoto em uma prova quase incontestável da decadência de sua carreira medíocre. O grande problema é que o comediante parece disposto a arrastar consigo talentos promissores - como Andy Samberg, que, em sua segunda parceria consecutiva com o ator (ambos deram voz aos personagens centrais do ruim Hotel Transilvânia), consegue driblar o imenso ego de Adam Sandler e as frequentes sabotagens do roteiro e conferir algum carisma a Todd. Pena que Samberg também já está confirmado na continuação do péssimo Gente Grande - e se pelo menos nesse projeto nenhum ator veterano mal agenciado cair na arapuca de Sandler, creio teremos motivos para respirar um pouco mais aliviados.
Assistir ao filme e pesquisar brevemente sobre o lançamento, porém, me conduziu a uma conclusão diferente e definitiva: o temor da distribuidora com relação à bilheteria falou mais alto, com base no surpreendente fracasso da comédia no mercado norte-americano - uma surpresa válida, levando-se em consideração que, tirando os pavorosos 10 minutos iniciais (talvez os mais ofensivos de toda a carreira do comediante), o filme parecia uma aposta infalível por respeitar o padrão de mediocridade estabelecido por Sandler ao longo dos anos e até mesmo reciclar algumas estratégias do sucesso comercial mencionado no início desse texto.
Dirigido por Sean Anders (Sex Drive - Rumo ao Sexo) e escrito pelo estreante David Caspe, o filme parte da realização de uma fantasia típica da infância - mas ao invés de apostar em uma opção (pelo menos a princípio) leve e inofensiva, como o desejo de voar e ter superpoderes realizado no recente Poder Sem Limites, o roteiro aposta suas fichas em uma introdução cujo mau gosto dispensa maiores comentários: julgando que pedofilia pode ser algo divertido, o filme nos apresenta à paixão juvenil do pré-adolescente Donny (Weaver) pela professora de matemática Mary McGarrincle (vivida por Eva Amurri Martino na versão jovem e por sua mãe, Susan Sarandon, na versão sexagenária), que se transforma em uma relação sexual nada sutil e culmina na gravidez da mulher. Como não poderia deixar de ser, a professora é sentenciada a longos anos de cadeia - mas esse mínimo de bom senso é o máximo que o roteiro admite abraçar, já que, segundos antes, vemos Donny sendo ovacionado por uma multidão de estudantes, em decorrência de seu feito. E quando paramos para imaginar o rebuliço que uma versão feminina dessa mesma situação poderia causar (excluindo a parte da gravidez, pra não desbalancear a comparação), não só o mau-caratismo de Caspe fica mais evidente, como também seu sexismo é deixado no ar.
Transformando em comédia uma premissa que renderia um drama dos mais pesados, Este é o Meu Garoto salta algumas décadas e traz, mais uma vez, Adam Sandler interpretando uma criança na casa dos 40 anos - no caso, a versão adulta, alcoólatra e endividada de Donny, que acerta com um produtor sensacionalista a realização de um reencontro televisionado entre ele, a professora pedófila e o rebento Todd (Samberg). No entanto, a relação entre pai e filho reflete o delicado período ignorado pela elipse dos créditos iniciais: em resposta a uma criação negligente, Todd se emancipou ainda jovem e, diferentemente do pai (com que fez questão de cortar relações), conseguiu alcançar o sucesso pessoal com as próprias pernas. Prestes a se casar, o homem recebe a inconveniente visita surpresa e do pai, que, por força das circunstâncias, é apresentado à família da noiva como um velho amigo e convidado para os tradicionais eventos que antecedem o matrimônio.
Constantemente visto com uma lata de cerveja na mão e dono de um tom de voz maçante, Donny é mais uma daquelas criações absolutamente esquizofrênicas e detestáveis de Sandler que, por razões que jamais ficarão claras, cai nas graças dos personagens secundários, fazendo com que o protagonista pareça importuno por razões que também nunca serão esclarecidas - e caso não tenham notado, acabo de descrever a premissa de Cada um Tem a Gêmea Que Merece. Para completar, além de repetir exatamente a mesma dinâmica do filme anterior de Sandler, Este é o Meu Garoto recorre à mais que batida estrutura de filmes de casamento, cujo desenrolar padrão praticamente exime o roteirista de metade do trabalho - e Caspe não faz o mínimo esforço para inovar, apostando em discursos constrangedores em jantares de ensaio, despedidas de solteiros destrambelhadas e sediando o clímax da narrativa no matrimônio propriamente dito.
Incluindo Susan Sarandon e James Caan em sua campanha para queimar o filme do maior número possível de atores veteranos (cujas vítimas mais recentes foram Nicole Kidman em Esposa de Mentirinha e Al Pacino em Cada Um Tem a Gêmea que Merece), Adam Sandler transforma Este é o Meu Garoto em uma prova quase incontestável da decadência de sua carreira medíocre. O grande problema é que o comediante parece disposto a arrastar consigo talentos promissores - como Andy Samberg, que, em sua segunda parceria consecutiva com o ator (ambos deram voz aos personagens centrais do ruim Hotel Transilvânia), consegue driblar o imenso ego de Adam Sandler e as frequentes sabotagens do roteiro e conferir algum carisma a Todd. Pena que Samberg também já está confirmado na continuação do péssimo Gente Grande - e se pelo menos nesse projeto nenhum ator veterano mal agenciado cair na arapuca de Sandler, creio teremos motivos para respirar um pouco mais aliviados.
