
A premissa de Deu a Louca nos Nazis é naturalmente intrigante e divertida: derrotados na Terra, os nazistas teriam se refugiado na Lua, onde criaram uma base militar e desempenharam sua própria evolução tecnológica. Após raptarem um astronauta negro em uma missão espacial e descobrirem que um telefone celular consegue armazenar uma quantidade expressiva de energia (em relação aos parâmetros de seu robusto e atrasado aparato tecnológico), eles planejam seu triunfal retorno à Terra para coletar alguns desses aparelhos.
Infelizmente, o potencial da proposta é desperdiçado com uma narrativa desnecessariamente confusa e repleta de mudanças de foco pouco elegantes. O filme, dirigido por Timo Vuorensola, foi produzido com base em um processo colaborativo que, ao que parece, permitiu que os membros da comunidade on-line participassem tanto do angariamento de fundos quanto do desenvolvimento artistico do projeto. Talvez tenha sido essa a razão para que o resultado final não exiba o frescor que a proposta permitiria, já que, chegando à Terra, os nazistas alteram seus objetivos e se envolvem em conflitos que jamais soam suficientemente interessantes. Já na reta final, a caricatura de Sarah Palin como presidente dos Estados Unidos e a abordagem da questão energética alcançam resultados mais interessantes, apesar do desperdício de tempo com batalhas que, mesmo bem realizadas tecnicamente, soam demasiadamente genéricas e não conseguem empolgar.
O que afasta a produção do desastre, porém, é a inversão de papéis proposta pelo roteiro: moldados pela filosofia ultrapassada de seus antepassados e privados do contato com a humanidade, os jovens nazistas são apenas vítimas de alienação, no sentido mais literal que o termo pode ter (para eles, a cena do globo de O Grande Ditador é um curta em que Charles Chaplin homenagea Hitler). Dessa forma, quando alguns desses alienígenas são confrontados pela realidade terráquea, acabam impulsionados a reavaliar os próprios princípios e valores e, frente à ganância dos humanos no comando das grandes nações mundiais, acabam se tornando as verdadeiras vítimas da história. Com isso, o excepcional plano final de Deu a Louca Nos Nazis se transforma em um último lamento do espectador pelo potencial desperdiçado.
Iron Sky, Finlândia/Alemanha/Austrália, 2012 | Conceito original de Jarmo Puskala. História original de Johanna Sinisalo. Escrito por Timo Vuorensola. Roteiro de Michael Kalesniko | Dirigido por Timo Vuorensola | Com Julia Dietze, Christopher Kirby, Götz Otto, Udo Kier, Peta Sergeant, Stephanie Paul.
Infelizmente, o potencial da proposta é desperdiçado com uma narrativa desnecessariamente confusa e repleta de mudanças de foco pouco elegantes. O filme, dirigido por Timo Vuorensola, foi produzido com base em um processo colaborativo que, ao que parece, permitiu que os membros da comunidade on-line participassem tanto do angariamento de fundos quanto do desenvolvimento artistico do projeto. Talvez tenha sido essa a razão para que o resultado final não exiba o frescor que a proposta permitiria, já que, chegando à Terra, os nazistas alteram seus objetivos e se envolvem em conflitos que jamais soam suficientemente interessantes. Já na reta final, a caricatura de Sarah Palin como presidente dos Estados Unidos e a abordagem da questão energética alcançam resultados mais interessantes, apesar do desperdício de tempo com batalhas que, mesmo bem realizadas tecnicamente, soam demasiadamente genéricas e não conseguem empolgar.
O que afasta a produção do desastre, porém, é a inversão de papéis proposta pelo roteiro: moldados pela filosofia ultrapassada de seus antepassados e privados do contato com a humanidade, os jovens nazistas são apenas vítimas de alienação, no sentido mais literal que o termo pode ter (para eles, a cena do globo de O Grande Ditador é um curta em que Charles Chaplin homenagea Hitler). Dessa forma, quando alguns desses alienígenas são confrontados pela realidade terráquea, acabam impulsionados a reavaliar os próprios princípios e valores e, frente à ganância dos humanos no comando das grandes nações mundiais, acabam se tornando as verdadeiras vítimas da história. Com isso, o excepcional plano final de Deu a Louca Nos Nazis se transforma em um último lamento do espectador pelo potencial desperdiçado.
Iron Sky, Finlândia/Alemanha/Austrália, 2012 | Conceito original de Jarmo Puskala. História original de Johanna Sinisalo. Escrito por Timo Vuorensola. Roteiro de Michael Kalesniko | Dirigido por Timo Vuorensola | Com Julia Dietze, Christopher Kirby, Götz Otto, Udo Kier, Peta Sergeant, Stephanie Paul.