
Após assaltar a indefesa Sam (Whittaker) em uma fria noite londrina, um grupo de adolescentes é surpreendido pela queda meteórica de um estranho ser, que, após ferir Moses (Boyega), líder da gangue, acaba sendo aniquilado pelo bando. A atitude, porém, desencadeia uma violenta, imediata e localizada represália alienígena - e, com isso, Sam se vê obrigada a unir forças com o grupo de delinquentes juvenis para escapar com vida da ameaça, refugiando-se em um bloco de apartamentos da periferia de Londres.
Sem receio de abraçar o grafismo da violência ou de levar seus jovens personagens ao óbito, o cineasta Joe Cornish (um dos roteiristas de As Aventuras de Tintim) injeta uma pitada de comicidade à tensão da situação e consegue criar um clima bastante satisfatório para ambientar o embate (a trilha evocativa de Steven Price, por exemplo, que mistura hip hop com acordes tradicionalmente empregados em produções com extraterrestres, é um dos grandes acertos), apesar de tomar algumas decisões obviamente motivadas pela conveniência (como as profissões de alguns personagens, que se revelam fundamentais em momentos estratégicos da narrativa). Além disso, a opção (e provável limitação orçamentária) de concentrar o aspecto ameaçador das criaturas em suas presas fluorescentes, destacando-se da pelagem profundamente negra, acaba funcionando como um reflexo do desconhecimento dos personagens acerca da natureza daqueles seres, compensando sua movimentação por vezes desajeitada (em diversos instantes, é fácil identificar que as criaturas estão sendo incorporadas por dublês in loco).
O mais interessante de Ataque ao Prédio, porém, é na metáfora social proposta pelo roteiro de Cornish. O envolvimento improvável dos jovens com Sam, os momentos em que são confrontados por suas próprias posturas e, principalmente, os diálogos que estabelecem paralelos entre a invasão alienígena e a relação deles próprios com a polícia representam o que o longa tem de melhor, juntamente com os diversos instantes em que a vulnerabilidade dos garotos é exposta - em especial, quando somos convidados a adentrar em seus ambientes familiares e vislumbrar, mesmo que brevemente, pequenas amostras de suas intimidades. Nesse sentido, um dos momentos mais emblemáticos do longa é aquele em que, próximo ao desfecho (spoilers adiante, portanto), Moses encerra o confronto com os alienígenas se jogando de uma janela após incendiá-los e evita a longa queda apoiando-se em uma bandeira do Reino Unido, simbolizando a busca do rapaz, em uma situação delicada como aquela, de um suporte das autoridades que, como vemos mais adiante, ele simplesmente não terá.
Sem receio de abraçar o grafismo da violência ou de levar seus jovens personagens ao óbito, o cineasta Joe Cornish (um dos roteiristas de As Aventuras de Tintim) injeta uma pitada de comicidade à tensão da situação e consegue criar um clima bastante satisfatório para ambientar o embate (a trilha evocativa de Steven Price, por exemplo, que mistura hip hop com acordes tradicionalmente empregados em produções com extraterrestres, é um dos grandes acertos), apesar de tomar algumas decisões obviamente motivadas pela conveniência (como as profissões de alguns personagens, que se revelam fundamentais em momentos estratégicos da narrativa). Além disso, a opção (e provável limitação orçamentária) de concentrar o aspecto ameaçador das criaturas em suas presas fluorescentes, destacando-se da pelagem profundamente negra, acaba funcionando como um reflexo do desconhecimento dos personagens acerca da natureza daqueles seres, compensando sua movimentação por vezes desajeitada (em diversos instantes, é fácil identificar que as criaturas estão sendo incorporadas por dublês in loco).
O mais interessante de Ataque ao Prédio, porém, é na metáfora social proposta pelo roteiro de Cornish. O envolvimento improvável dos jovens com Sam, os momentos em que são confrontados por suas próprias posturas e, principalmente, os diálogos que estabelecem paralelos entre a invasão alienígena e a relação deles próprios com a polícia representam o que o longa tem de melhor, juntamente com os diversos instantes em que a vulnerabilidade dos garotos é exposta - em especial, quando somos convidados a adentrar em seus ambientes familiares e vislumbrar, mesmo que brevemente, pequenas amostras de suas intimidades. Nesse sentido, um dos momentos mais emblemáticos do longa é aquele em que, próximo ao desfecho (spoilers adiante, portanto), Moses encerra o confronto com os alienígenas se jogando de uma janela após incendiá-los e evita a longa queda apoiando-se em uma bandeira do Reino Unido, simbolizando a busca do rapaz, em uma situação delicada como aquela, de um suporte das autoridades que, como vemos mais adiante, ele simplesmente não terá.
Attack the Block, Reino Unido/França, 2011 | Escrito por Joe Cornish | Dirigido por Joe Cornish | Com John Boyega, Jodie Whittaker, Alex Esmail, Leeon Jones, Franz Drameh, Simon Howard, Luke Treadaway, Jumayn Hunter e Nick Frost.