

What to Expect When You're Expecting, EUA, 2012 | Duração: 1h49m26s | Lançado no Brasil em 3 de Agosto de 2012, nos cinemas | Inspirado no livro de Heidi Murkoff. Escrito por Shauna Cross e Heather Hach | Dirigido por Kirk Jones | Com Elizabeth Banks, Cameron Diaz, Jennifer Lopez, Ben Falcone, Matthew Morrison, Rodrigo Santoro, Anna Kendrick, Chace Crawford, Dennis Quaid, Brooklyn Decker, Chris Rock, Thomas Lennon, Rob Huebel, Amir Talai, Joe Manganiello, Rebel Wilson, Wendi McLendon-Covey.
Dirigido pelo normalmente competente Kirk Jones (de Estão Todos Bem), o filme acompanha cinco casais que enfrentam adversidades particulares para se tornarem pais: Wendy (Banks), dona de um empreendimento voltado para mamães e bebês, tem dificuldades para engravidar e, até que consiga, não dará sossego para o marido Gary (Falcone); este, por sua vez, descobre que o pai, Ramsey (Quaid), também está prestes a aumentar a família, graças à gravidez da namorada Skyler (Decker), vários anos mais nova que ambos; Jules (Diaz), apresentadora de um reality show sobre emagrecimento de obesos, conheceu e engravidou de Evan (Morrison) durante uma competição de dança, mas os dois raramente conseguem chegar a um consenso em assuntos relacionados ao bebê que está para chegar; já a fotógrafa Holly (Lopez), devido a problemas de fertilidade, está decidida a adotar uma criança, mesmo sem o apoio irrestrito do marido Alex (Santoro); por fim, a jovem Rosie (Kendrick), após uma noitada com o antigo colega Marco (Crawford), se vê em uma gravidez de risco que, inadvertidamente, pode resultar na aproximação do casal.
Independentes em sua maioria, as subtramas do longa frequentemente colidem entre si, numa tentativa mal sucedida das roteiristas de conferir solidez e unidade à narrativa - e se a recomendação dos serviços da personagem de Holly feita por Wendy para Skyler, por exemplo, encontra respaldo no contexto das três personagens, a interseção acaba sendo desperdiçada quando se revela um mero pretexto para uma gag que em nada contribui para o desenvolvimento da trama ou dos personagens. Dessa forma, os esforços de Cross e Hach para unificar os arcos dramáticos acabam escancarados em vários momentos, como na desnecessária constatação de que um encontro inesperado entre Rosie e Marco ocorre em um bar nas proximidades do chá-de-bebê surpresa de Holly ou na absurda convergência dos personagens em determinado hospital - e trazer o primeiro contato entre os personagens de Jennifer Lopez e Rodrigo Santoro com o filho adotivo ocorrendo simultaneamente aos partos prova a noção das próprias roteiristas de que a proximidade física não se faz necessária quando os personagens já estão unidos pela temática, o que torna a coincidência ainda mais injustificável.
Outro aspecto do roteiro que salta aos olhos graças à falta de sutileza é a necessidade de construir gestações fundamentalmente distintas, o que fica bastante óbvio na montagem que retrata os exames de ultrassom das gestantes: descobrimos que um casal terá um garoto, outro espera uma menina, o terceiro não quer saber o sexo e no caso do último, não é possível identificar. Em particular, a gravidez da personagem de Brooklyn Decker revela-se um abuso com a paciência do espectador: dona de uma estúpida postura maternal na relação com o enteado Gary ("Meu bebê cresceu tão rápido!"), Skyler carrega gêmeos no ventre por nove meses de uma forma exageradamente serena, culminando em um parto absolutamente patético ("Atchim...") e servindo essencialmente como agravante para o drama vivido pela personagem de Banks. Aliás, é lamentável que o roteiro dê tanta importância à rixa e aos ciúmes que Wendy e Gary alimentam de Skyler e Ramsey, diminuindo a eficácia da subtrama com maior potencial dramático e única cujos maiores conflitos baseiam-se na gestação em si. Desse modo, o drama da personagem de Elizabeth Banks testemunhando a quebra do encanto que sempre atribuiu ao período gestacional é sabotado até mesmo em seu desfecho, quando uma circunstância potencialmente comovente é simplesmente contornada sem maiores explicações.
Nesse contexto, o elenco estelar pouco pode fazer para se sobressair - a título de exemplo, Anna Kendrick e Chace Crawford, formando o casal mais jovem da narrativa, conseguem conferir simpatia a seus personagens, mas não o suficiente para que seus conflitos soem convincentes (Kendrick, entretanto, protagoniza um momento particularmente tocante, que merece menção). E enquanto a assistente Janice vivida por Rebel Wilson rouba a cena com seu humor físico nonsense, o restante do elenco se mostra apenas correto em suas funções, ao passo que Cameron Diaz tem sua expressividade cada vez mais limitada pelo uso indiscriminado de Botox. Por fim, o brasileiro Rodrigo Santoro ganha a tarefa ingrata de dar vida a um personagem antipático por natureza, sujeito a uma mudança abrupta e forçada de comportamento e que merece compaixão apenas por ter de aguentar Chris Rock berrando em todas as cenas em que aparece.
Aliás, o grupo de pais liderado por Rock representa um dos principais exemplos do descaso das roteiristas com a coerência, já que o discurso feito por eles que altera a percepção do personagem de Santoro sobre paternidade, apesar de plenamente crível, foge do comportamento que vinham apresentando até então, incluindo especialmente a idolatria cega e exacerbada ao solteirão mulherengo vivido por Joe Manganiello. E como explicar, por exemplo, os convidados de uma festa comemorando efusivamente a vitória do personagem de Ben Falcone em uma corrida que eles sequem sabiam que estava ocorrendo e que quase o levou ao óbito? Em meio a essas e outras perguntas mal respondidas, o diretor Kirk Jones insere alguns elementos que tornam a experiência menos maçante, como as diversas transições elegantes (da calçada do parque para uma estrada da Etiópia, de um MINI Cooper em miniatura para um em tamanho real ou - a mais inspirada - de Elizabeth Banks prestes a vomitar para seu prato de comida minutos depois) ou a tela dividida durante uma conversa telefônica entre os personagens de Cameron Diaz e Matthew Morrison, quando, em seus respectivos estúdios de gravação, Jules e Evan ingerem alimentos com clara conotação sexual.
Negligente na passagem de tempo (só sabemos que nove meses se passaram por... bem, por motivos óbvios), O Que Esperar Quando Você Está Esperando traz, em seu próprio título, uma fonte inesgotável de piadas infames, que gentilmente reduzo a apenas uma: devemos esperar muito de empreitadas futuras de seus envolvidos? Gostaria de poder dizer enfaticamente que sim.
