
por Eduardo Monteiro


I Spit On Your Grave, EUA, 2010 | Duração: 1h48m16s | Lançado no Brasil em 11 de Março de 2011, nos cinemas | Roteiro de Stuart Morse. Baseado no filme "A Vingança de Jennifer" de Meir Zarchi | Dirigido por Steven R. Monroe | Com Sarah Butler, Jeff Branson, Andrew Howard, Daniel Franzese, Rodney Eastman, Chad Lindberg e Tracey Walter.
Jennifer Hills (Sarah Butler) é uma escritora que decide se refugiar por dois meses em um chalé de uma pequena cidade nos Estados Unidos. Jovem e bela, ela logo acaba sendo assediada por cinco homens locais, que a humilham e estupram, gerando a tal vingança citada no título desta refilmagem de A Vingança de Jennifer, de 1978.
Introduzindo sem maiores delongas a protagonista com uma trilha sonora que cria um clima de estranheza e incômodo, o filme logo nos apresenta ao chalé que, mesmo sendo aconchegante e bem iluminado (diferente das batidas casas asombradas tão disseminadas em filmes do gênero), não consegue escapar do clichê de possuir uma casa anexa, que só serve para afastar a protagonista da casa principal e criar a incerteza sobre presenças estranhas quando ela retorna. Da mesma forma, o problema nos encanamentos da casa, mesmo que seja usado para dar andamento à trama, soa como um artifício para lembrar o espectador que aquilo é um filme de terror, enquanto o interesse de Jennifer por explorar o interior de uma casa abandonada durante uma de suas corridas é totalmente desnecessário, servindo claramente para introduzir o cenário que futuramente seria usado por ela para torturar parte de suas vítimas.
E por mais claros que sejam os motivos da garota para torturar e matar suas vítimas, os traços de personalidade que a fazem tomar esta decisão nunca ficam claros, já que ela se mostra pacífica e indefesa em boa parte do primeiro ato. Diante desse problema, o diretor investe quase 30 minutos em cenas nas quais Jennifer é submetida a humilhações e estupros - e mesmo que estes atos vistos em cena sejam gravíssimos, um impacto maior só é sentido a partir do momento em que a protagonista é obrigada a simular sexo oral em uma arma, já que no restante do tempo a ação se resume a pedidos absurdos por parte dos agressores seguidos por uma demora de resposta por parte de Jennifer, que só atende as solicitações quando é ameaçada de fato. E o que dizer sobre as fugas absurdas da garota, que em algumas ocasiões é "libertada" pelo grupo de estupradores apenas para ser "recapturada" em uma outra locação onde continua sendo agredida? E o absurdo chega ao extremo quando Jennifer se joga no rio sob a mira de uma espingarda, que não é disparada nem mesmo quando ela, na beirada da ponte, abre os braços e inclina lentamente o corpo, deixando a gravidade fazer o resto do trabalho.
Estejam claras ou não suas motivações, o fato é que os métodos usados por Jennifer em sua vingança promovida um mês após sua fuga (onde ela esteve por todo este tempo é um mistério) provam mais uma vez a construção equivocada da personagem. Metódicos e elaborados (ela chega a deixar pistas, sabe-se lá para quê), os planos são executados pela mulher com uma precisão e um vigor que contradizem seu comportamento assustadiço (um barulho dentro de casa resulta em um grito e um copo quebrado) e estabanado (quando ela, convenientemente para a trama, derruba vinho em sua calça ou o celular na privada) vistos no início da projeção. Dessa forma, Jennifer persegue e captura seus agressores (sem maiores dificuldades) para exercer sua vingança, adaptando seus métodos de acordo com o que cada um lhe fez de pior - e é lamentável que a introdução do núcleo familiar de uma das suas atuais vítimas sirva mais para criar um suspense bobo em sua captura do que para analisar a psique de um psicopata que interpreta bem o personagem de amoroso pai de família.
A sensação que fica é que a promessa (explicitada no fraco título nacional) foi cumprida - não de forma coerente, criativa ou satisfatória, mas cumprida. A quem interessar cegamente a proposta sanguinolenta, é uma boa pedida. Ao resto, resta apenas ser torturado pelo filme.
Introduzindo sem maiores delongas a protagonista com uma trilha sonora que cria um clima de estranheza e incômodo, o filme logo nos apresenta ao chalé que, mesmo sendo aconchegante e bem iluminado (diferente das batidas casas asombradas tão disseminadas em filmes do gênero), não consegue escapar do clichê de possuir uma casa anexa, que só serve para afastar a protagonista da casa principal e criar a incerteza sobre presenças estranhas quando ela retorna. Da mesma forma, o problema nos encanamentos da casa, mesmo que seja usado para dar andamento à trama, soa como um artifício para lembrar o espectador que aquilo é um filme de terror, enquanto o interesse de Jennifer por explorar o interior de uma casa abandonada durante uma de suas corridas é totalmente desnecessário, servindo claramente para introduzir o cenário que futuramente seria usado por ela para torturar parte de suas vítimas.
E por mais claros que sejam os motivos da garota para torturar e matar suas vítimas, os traços de personalidade que a fazem tomar esta decisão nunca ficam claros, já que ela se mostra pacífica e indefesa em boa parte do primeiro ato. Diante desse problema, o diretor investe quase 30 minutos em cenas nas quais Jennifer é submetida a humilhações e estupros - e mesmo que estes atos vistos em cena sejam gravíssimos, um impacto maior só é sentido a partir do momento em que a protagonista é obrigada a simular sexo oral em uma arma, já que no restante do tempo a ação se resume a pedidos absurdos por parte dos agressores seguidos por uma demora de resposta por parte de Jennifer, que só atende as solicitações quando é ameaçada de fato. E o que dizer sobre as fugas absurdas da garota, que em algumas ocasiões é "libertada" pelo grupo de estupradores apenas para ser "recapturada" em uma outra locação onde continua sendo agredida? E o absurdo chega ao extremo quando Jennifer se joga no rio sob a mira de uma espingarda, que não é disparada nem mesmo quando ela, na beirada da ponte, abre os braços e inclina lentamente o corpo, deixando a gravidade fazer o resto do trabalho.

Estejam claras ou não suas motivações, o fato é que os métodos usados por Jennifer em sua vingança promovida um mês após sua fuga (onde ela esteve por todo este tempo é um mistério) provam mais uma vez a construção equivocada da personagem. Metódicos e elaborados (ela chega a deixar pistas, sabe-se lá para quê), os planos são executados pela mulher com uma precisão e um vigor que contradizem seu comportamento assustadiço (um barulho dentro de casa resulta em um grito e um copo quebrado) e estabanado (quando ela, convenientemente para a trama, derruba vinho em sua calça ou o celular na privada) vistos no início da projeção. Dessa forma, Jennifer persegue e captura seus agressores (sem maiores dificuldades) para exercer sua vingança, adaptando seus métodos de acordo com o que cada um lhe fez de pior - e é lamentável que a introdução do núcleo familiar de uma das suas atuais vítimas sirva mais para criar um suspense bobo em sua captura do que para analisar a psique de um psicopata que interpreta bem o personagem de amoroso pai de família.
A sensação que fica é que a promessa (explicitada no fraco título nacional) foi cumprida - não de forma coerente, criativa ou satisfatória, mas cumprida. A quem interessar cegamente a proposta sanguinolenta, é uma boa pedida. Ao resto, resta apenas ser torturado pelo filme.
